Diocese de Roma entrega documentação sobre a vida, as virtudes e a fama de santidade do falecido Papa Milhares de fiéis assistiram, na Basílica romana de São João de Latrão, ao final da fase diocesana do processo de beatificação de João Paulo II, encerrada em tempo recorde. Entre os presentes estava a religiosa francesa Marie Simon-Pierre, que se diz curada da Doença de Parkinson graças à intercessão do falecido Papa, acompanhada por uma delegação da diocese francesa de Aix-en-Provence. A religiosa falou na passada sexta-feira aos jornalistas, garantindo que recuperou da doença de Parkinson depois de ter rezado a João Paulo II. “Eu estava doente e agora estou curada”, disse. As celebrações começaram logo às 08h00, junto ao túmulo do Papa Wojtyla, com uma celebração presidida pelo Cardeal Dziwisz, em língua polaca, na cripta da Basílica de São Pedro. O final do processo diocesano, em Roma, foi um acto de carácter jurídico, mas ficou marcado pela emoção e a memória do Papa polaco. Entre os presentes estavam o presidente polaco, Lec Kaczynski, o antigo secretário pessoal de João Paulo II, Cardeal Stanislaw Dziwisz, e vários outros Cardeais e Bispos, muitos deles colaboradores próximos de Wojtyla, durante o seu pontificado. Milhares de cartas, documentos e testemunhos foram oficialmente selados. A leitura, em latim, do decreto relativo ao final da fase diocesana, antecedeu o juramento e a assinatura dos actos do processo por parte do Pe. Slawomir Oder, Postulador da Causa de Beatificação e Canonização, O procedimento de certificação foi feito perante um juíz delegado, um juíz adjunto, o promotor da justiça e o Cardeal-Vigário da Diocese de Roma. Foi a este último que coube recordar a figura de João Paulo II. Para D. Camillo Ruini, o Papa polaco encontrou o “sentido, a unidade e o objectivo da sua vida” na certeza do amor de Deus. “Todos os que o conheceram, de perto ou mesmo de longe, ficaram marcados pela riqueza da sua humanidade, pela sua plena realização como homem, mas ainda mais iluminante e significativo é o facto de que tal plenitude humana coincidisse, com a sua relação com Deus ou, por outras palavras, com a sua santidade”, disse o Cardeal Ruini. Todo o processo passou, agora, para as mãos de D. José Saraiva Martins, prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. O Cardeal português já fez saber, em declarações recentemente recolhidas pelo Programa ECCLESIA, que após receber todo a documentação recolhida durante a fase diocesana, o seu Dicastério vai “programar o estudo da mesma e não é possível fazer previsões de nenhum género”. Trata-se, explicou, de um processo com muita documentação e a exigir sérias análises históricas, médicas e teológicas. “As causas de um Papa são sempre muito mais complexas do que uma freira de clausura”, exemplificou. D. José Saraiva Martins sublinhou ainda que o que interessa é que o processo continue e siga todos os passos normais. Só dessa forma se valorizará a santidade do Papa João Paulo II e a sua história e o seu exemplo perdurarão no tempo. Porque não duvida da sua santidade. “O Papa João Paulo II – a quem eu devo tudo – é um santo!”, afirmou, com convicção, o Cardeal português. O processo de canonização de João Paulo II teve início a 13 de Maio de 2005, depois de Bento XVI ter dispensando o prazo canónico de cinco anos para a promoção da causa.