Cidade alentejana quer ter Centro de Estudos Jacobeus

Um Centro de Estudos Jacobeus, para promover o culto e o Caminho de Santiago, pode vir a nascer na cidade alentejana de Santiago do Cacém, ao abrigo de uma cooperação com o Governo Regional da Galiza (Espanha). A criação do Centro de Estudos Jacobeus está inscrita num protocolo já assinado entre o município de Santiago do Cacém, o Governo Regional da Galiza e o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja (DPHADB). O presidente daquela câmara municipal alentejana, Vítor Proença, explicou à Agência Lusa que o acordo, no âmbito do qual vai também ser realizada uma exposição sobre o Caminho de Santiago, pretende que as duas regiões aprofundem relações, tendo em conta as suas «marcas» comuns. «É um acordo de colaboração com o município de Santiago de Compostela, atendendo ao topónimo comum e às marcas evidentes na ligação entre aquela cidade da Galiza e Santiago do Cacém», disse. O autarca sublinhou também o facto de o município a que preside ser o «único», em Portugal, com tal designação. «Há muitas localidades e freguesias com o nome de Santiago, mas não há nenhuma cidade em Portugal, e muito menos um município, com o topónimo de Santiago», frisou. O protocolo envolve a «convergência de objectivos em torno da divulgação e valorização patrimonial do Caminho de Santiago à escala internacional». A primeira cláusula estabelece a realização da exposição “Caminhando sob as estrelas — Santiago e a Peregrinação a Compostela”, que vai decorrer, na igreja matriz de Santiago do Cacém, entre Julho e Outubro. A mostra irá reunir 110 obras de arte, provenientes do Tesouro da Catedral de Compostela e de diversos museus galegos, bem como de igrejas, colecções e museus do Alentejo. «É uma exposição de grande envergadura e um projecto ambicioso que deverá constituir um dos principais acontecimentos culturais do Verão deste ano no nosso país», realçou à Lusa José António Falcão, director do DPHADB. A iniciativa, além de estreitar relações entre os dois municípios com o nome Santiago, tem ainda em vista a atracção de turistas portugueses, espanhóis e de outras nacionalidades à cidade alentejana. «Estamos a pensar em 50 mil visitantes», previu José António Falcão, explicando que, ao mesmo tempo, irão decorrer as jornadas culturais lusogalaicas e «acontecimentos musicais de relevo». Quanto ao Centro de Estudos Jacobeus, o protocolo, sem avançar qualquer data para a sua criação, define que irá promover tudo o que diga respeito ao culto do Apóstolo, à análise histórica do Caminho de Santiago e à Ordem Militar de Santiago da Espada. «Deste Centro de Estudos esperam-se importantes iniciativas, como a realização de cursos universitários de Verão que tragam de Portugal e de outros países da Europa pessoas interessadas em conhecer a história e o território de Santiago do Cacém», explicou. A médio prazo, o novo centro poderá ainda servir para apoiar e albergar os peregrinos que passam pelo município alentejano, no seu percurso até à cidade espanhola de Santiago de Compostela. «Agora é que se está a perceber que há algumas matrizes culturais que unem este território ao grande conjunto de redes europeias de comunicação que foram, precisamente, os Caminhos de Santiago», assinalou José António Falcão. Até aqui, contrapôs, «talvez por uma certa miopia intelectual», colocava-se em Lisboa a origem dos caminhos portugueses de Santiago. «Na realidade — disse —, o que as investigações efectuadas nos últimos anos têm vindo a demonstrar é que estes caminhos cobriam todo o território português».

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