«Entre o Sofrimento e a Esperança»

Exposição itinerante quer visitar hospitais e ser ponte entre o doente e os capelães neste contexto “Entre o sofrimento e a esperança” podia ser a definição do estado de alma de um doente. Sem pretender ser uma resposta ou um conceito, é antes o título de uma exposição itinerante que, com a chancela da Sociedade Bíblica de Portugal – uma organização cristã interconfessional – em parceria com a pastoral da saúde, quer percorrer as unidades hospitalares do país e ser consolo para as muitas pessoas que trabalham ou vivem por tempo indefinido nos hospitais. O objectivo cimeiro é pôr as pessoas em contacto com o texto Bíblico, neste caso num ambiente hospitalar, onde se encontram profissionais de saúde mas também doentes fragilizados “porque estão a lidar com a sua dor, onde a ansiedade se faz presente”, afirma Alfredo Abreu da Sociedade Bíblica de Portugal. Por estes motivos, “este é um momento interessante para ter um encontro com a palavra de Deus”, que passa pelos séculos e que há muito acompanha a humanidade nos diversos momentos. São também relatos inspirados e “que inseridos no contexto dos doentes, proporcionam um encontro mais íntimo”. A exposição foi concebida com o objectivo de “dar consolo e compreensão pela situação que os doentes estão a passar e ajudar a encontrar motivos de esperança”, explica à Agencia ECCLESIA, Alfredo Abreu. O facto do doente estar internado é em si um momento difícil. Provavelmente os seus pensamentos estarão concentrados no esforço de lidar com a dor, de procurar respostas para a sua situação, ou sobre a sua situação num futuro próximo. “Nesse momento, a palavra de Deus ajuda a pessoa a perceber onde está e sobretudo, ajudar a perceber que, o que quer que venha acontecer, não é final, mas que há novas possibilidades”, explica. A exposição está dividida por módulos. O primeiro pretende ir ao encontro da situação que as pessoas experimentam e que vivem sobre a dor. “O que é a dor, o que é que eu posso fazer, porquê eu, são questões que surgem na cabeça de um doente, sem conseguir perspectivar que a dor pode muitas vezes ser um alerta”, explica Alfredo Abreu. O segundo módulo é “mais dirigido às pessoas que acompanham o doente”, podendo ser um familiar, um amigo ou o profissional de saúde. “Tentamos aqui explicitar formas de ajudar a pessoa a auxiliar quem está doente”. O módulo seguinte é “talvez de uma forma mais positiva” apresenta alternativas para ter uma vida saudável. No que está ao alcance da pessoa “talvez se possam mudar hábitos”. Há situações interiores, relacionamentos que afectam a pessoa, sentimentos de culpa que, explica Alfredo Abreu, “precisamos olhar para eles para encontrar um estilo de vida mais saudável e a Bíblia tem recomendações muito concretas a fazer sobre isso”. No último módulo encontram-se orações. Nas alturas de sofrimento e de desespero as pessoas querem rezar e “nem sabem como, sendo difícil encontrar palavras que expressem o que vai na alma”. As orações bíblicas podem ajudar. Momentos suscitados a partir de uma mistura de frases e imagens e “sobretudo de um ambiente gráfico que provoca a pessoa a interagir com o texto”. Textos corridos que resultam da combinação de reflexões e da Sagrada Escritura, trabalhados depois de forma a proporcionar uma interacção com o público. Aberta ao visitantes desde o dia 22, é uma “feliz coincidência a inauguração aproximar-se da Semana Santa e da Páscoa”, sugere Alfredo Abreu. O sofrimento e a esperança são também sentimento evocados nesta altura e a “exposição procura ajudar as pessoas nos momentos particularmente difíceis a passar precisamente de um estado de sofrimento e de desespero, para um estado de esperança”. A exposição foi aberta ao público no Hospital de São João, tendo sido já visitada na inauguração por pessoas de várias confissões do país, e também por uma entidade do governo “que ficou muito agradada com o resultado”. No geral o feedback tem sido “espantoso”, refere Alfredo Abreu. Neste momento encontra-se exposta na Faculdade de Medicina, onde os estudantes são convidados a visita-la durante os próximos dias. “Entre o sofrimento e a esperança” está também disponível para percorrer outros estabelecimentos hospitalares. “É fácil de montar e gostaríamos que estivesse disponível entre uma a duas semanas em cada unidade hospitalar do país”, aponta Alfredo Abreu. Os pedidos já se multiplicarem e está em cima da mesa a possibilidade de replicar os exemplares da exposição uma vez que as datas “começam a coincidir”. Grupos de acompanhamento de voluntariado nos hospitais, capelanias, por exemplo, já manifestaram o desejo de receber a exposição nas suas unidades hospitalares. Alfredo Abreu assinala também a sua esperança que “a exposição possa actuar como uma ponte entre o doente e os profissionais que o acompanham no hospital, nomeadamente os capelães”.

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