Daniel Serrão, professor catedrático jubilado de Anatomia Patológica da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, proferiu, na passada sexta-feira, no Centro Paroquial da Matriz da Póvoa de Varzim, uma conferência sobre as manipulações genéticas e a ética e moral cristã. «É necessário que o cientista não queira fazer profissões de fé e o homem de fé não queira fazer investigação científica», afirmou Daniel Serrão, que é membro do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida e da Academia Pontifícia para a Vida. Daniel Serrão afirmou que «a Bioética é hoje reconhecida como uma forma de ler o Homem com respeito, nas suas duas componentes: bios (vida) + ethiké (ética)”. A sua exposição centrou- -se na manipulação genética intencionalmente provocada pelos cientistas. O conferencista recorreu a exemplos como a paramiloidose e a fertilização in vitro para melhor retratar, com alguma reserva, o lugar da ética e da moral na destruição de embriões. A tentativa de impedir a continuidade desta doença hereditária implica a destruição de todos os embriões fecundados in vitro que possuam a doença, ou seja, é retirado o direito à vida a estes embriões já dotados de natureza pessoal, apesar do defeito genético que possuem. «A leitura cristã desta situação é claramente negativa: o benefício que se espera dar ao casal que recorre à fecundação in vitro não está em equilíbrio com o sacrifício de todos os outros embriões. A manipulação genética não é, neste caso, aceite pela Igreja», referiu o professor catedrático. Daniel Serrão prosseguiu o seu discurso falando sobre a relação Ciência/Religião. Disse que «não há motivo de discordância desde que a ciência não se considere uma religião». Porque, explicou, a religião tem critérios diferentes da ciência, propõe uma visão transcendental, escatológica do mundo.