Pintor de Monção expõe Cristos em Roma

Entre hoje e até 28 de Abril, Ricardo de Campos, artista monçanense, apresenta no Instituto Português de Santo António, em Roma, a exposição de pintura “A ousadia da redenção”, um conjunto de 50 pinturas dedicadas à figura ímpar de Jesus Cristo. Os trabalhos, executados sobre tela, cartão e madeira com dimensões variadas, representam vários momentos da vida de Jesus Cristo, destacando- se a última ceia e a morte na cruz. A acompanhar a exposição, estará disponível um catálogo em português e italiano. Nele, Ricardo de Campos refere que, perante o sofrimento, a capacidade da arte pode adquirir duas vertentes: dissimulação ou manifestação. Na primeira, pode-se construir um mundo como se a dor não existisse e propô- lo como realidade. Na segunda, pode-se enfrentar a nudez do problema, sem falsas construções, para que o grito de dor se torne audível e visível. Esta segunda via coincide com o caminho que o Crucificado e Ressuscitado antecipou na sua história de dor. Jesus Cristo, o Homem-Deus, não se esquivou a essa profunda experiência do sofrer. No seu grito divino, resumiu toda a dor que assalta o percurso dos humanos e questiona o próprio Deus, a partir de si mesmo: como pode Deus abandonar-se a si próprio? Este abandono, continua Ricardo de Campos, pressupõe a transfiguração da morte em vida devido à força do amor e à promessa de que a última palavra sobre o destino humano não será a dor mas o amor. O amor de quem se entrega ao outro sem pedir contrapartidas. Mas este amor maior que a dor, o sofrimento e a morte é o mesmo amor solidário com a dor, o sofrimento e a morte. Por isso, adianta o artista, a promessa não ilude a realidade e a ressurreição não esconde o caminho doloroso mas apenas o transfigura. Esta exposição no Instituto Português de Santo António realiza-se no período da Quaresma e sensivelmente um ano depois de uma exposição de Ricardo de Campos na igreja matriz de Monção. Elogiada por muitos e criticada em surdina por alguns, como confidenciou o artista, a exposição local foi seguramente o ponto de partida para a presente apresentação em Roma.

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Agência ECCLESIA

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