Cultura de comunhão nas comunidades Lusófonas

Ccoordenadores europeus das missões católicas para os emigrantes de língua portuguesa Num momento em que chegam a Portugal notícias de cidadãos portugueses explorados e “escravizados” por intermediários sem escrúpulos e redes ilegais de trabalho temporário, sobretudo em Espanha, Holanda e Reino Unido, encontraram-se, nos dias 20, 21 e 22 de Março de 2007, em Haia (Países Baixos), os coordenadores nacionais das comunidades católicas de língua portuguesa da Europa. Responderam à convocação: Alemanha, Bélgica, França, Países Baixos, Portugal e Reino Unido (*). Também participaram numa parte do encontro os missionários e agentes pastorais leigos das comunidades lusófonas de Haia, Roterdão e Amesterdão. Jan Eijken, teólogo e assistente pastoral de Haia, comunicou as actuais orientações da Igreja nos Países Baixos para as comunidades migrantes. O conselheiro das Comunidades Portuguesas, José Xavier, narrou a sua experiência e acção na promoção do trabalho digno e protecção social dos “novos” portugueses que emigram. O grupo saudou a nova coordenadora da pastoral dos migrantes da diocese de Roterdão, Andrea Damascena Martins, socióloga das religiões. A partir do tema – “Missões linguísticas e Igreja local, que relação?” – os participantes, com vista ao futuro papel evangelizador das comunidades, apresentaram as seguintes recomendações: 1. Se bem que se assista a rápidas mudanças na maioria das Igrejas da Europa, devido à sua reorganização pastoral e económica, encontramo-nos ainda numa fase de “experimentação” do modelo intercultural de acompanhamento e participação. Os passos dados são positivos, aumenta a proximidade entre Igreja local e comunidades, mas o processo de “transição” em curso continua a criar nas comunidades e nos agentes pastorais alguma incerteza quanto ao futuro; 2. Sendo a diocese de acolhimento, ao redor do bispo, a primeira responsável pela vida e pela fé dos imigrantes, na diversidade das suas gerações e trajectórias, há que facultar itinerários de fé particulares (catecumenato) para cada comunidade, salvaguardando a comunhão, a participação, o diálogo recíprocos na paróquia ou movimento, sempre mais multiculturais; 3. Devem ser reconhecidas nas comunidades linguísticas, autónomas ou em organização, numerosas ou minoritárias, propostas inculturadas de formação e vida cristã e litúrgica; garantidas etapas e momentos de encontro entre comunidades e autóctones; facultados recursos humanos e de espaços dignos, com vista a uma mais consciente participação e responsabilização de todos na vida da paróquia; 4. Continuando a registar-se várias dificuldades em encontrar e preparar sacerdotes, religiosas e leigos e recordando experiências fracassadas que perturbaram o caminho da comunidade, propõe-se que a OCPM durante o ano 2008 organize cursos/estágios pastorais e culturais para candidatos de Portugal e das igrejas de acolhimento; 5. Numa fase de transição, urge, através dos coordenadores nacionais, ajudar as comunidades a dotarem-se de um projecto pastoral (trienal) com objectivos, meios, recursos e metas, aprovado pela Igreja local, capaz de fazer face ao aumento da indiferença religiosa, ao envelhecimento e escassez dos agentes pastorais, à deserção da juventude e às novas exigências de auto financiamento; 6. É preciso prosseguir, sem desfalecer, na construção de uma cultura de comunhão e “colegialidade” entre as várias comunidades lusófonas, para que, descobrindo juntos a fraternidade na fé e a universalidade na mesma Igreja, colaborem no crescimento espiritual e na vivência sacramental; 7. Julgando-se a credibilidade da fé e o testemunho da caridade, na fidelidade aos mais pobres e vulneráveis das migrações, encoraja-se os cristãos, em parceria com outros militantes sociais, a empenharem-se no acolhimento e solidariedade para com os migrantes lusófonos em situação irregular, assumindo um compromisso público na defesa dos direitos humanos e denúncia das estruturas intermediárias de exploração; 8. Reafirma-se a importância de um secretariado nacional de coordenação da pastoral da mobilidade humana e propõe-se que esses secretariados readquiram credibilidade pastoral através de iniciativas concretas de mediação, coordenação e capacitação de agentes, de modo a tornar eficaz e contínua a colaboração entre as Igrejas de acolhimento e de origem; 9. As Igrejas de acolhimento e de origem deverão concordar “convenções” que definam os modos e instrumentos de cooperação, a partilha de recursos, em ordem a um melhor acompanhamento pastoral, formação de lideranças, continuidade na participação e inserção “gradual” na Igreja local. À margem do encontro D. António Vitalino Dantas, bispo de Beja, presidente da Comissão Episcopal da Mobilidade Humana de Portugal presidiu, no dia 18 de Março, à celebração do Dia dos Povos, Missa Internacional, participada e animada pelas 14 comunidades católicas linguísticas de Haia, cidade da Paz. Ficou decidido que o próximo Encontro (Março 2008) se realizará no Luxemburgo. Den Haag, 22.03.2007 (*) Participantes: Pe. Manuel Janeiro (Alemanha), Ir. Marta Viviana (Bélgica), Pe. Geraldo Finatto (França), Jan Eijken (Holanda), Pe. Rui Pedro (Portugal) e Mons. José Vaz Pinto (Reino Unido).

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