Valores e perspectivas para a Europa

Manuela Silva e Francisco Sarsfield Cabral falam das formas de consolidar a construção europeia 50 anos depois dos Tratados de Roma, são muitos os desafios que se colocam a cada cidadão europeu na consolidação da União que, depois do drama da II Guerra Mundial, conseguiu aproximar povos desavindos. Manuela Silva, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz (CNJP), refere ao Programa ECCLESIA que “existe um certo divórcio de informação” relativamente ao que significa para as pessoas, no quotidiano, a UE. “A adesão de Portugal foi um marco importantíssima na nossa economia”, refere esta especialista, sem negar que a mesma “também trouxe algumas dificuldades”, em especial aos sectores das pescas e da agricultura. Francisco Sarsfield Cabral, director de informação da RR, lembra que, se a Europa caminhou pela via económica, “o projecto é político desde o seu início”, juntando inimigos da II Guerra Mundial. Portugal, considera mesmo, tem como maior proveito da sua entrada na Comunidade Europeia a “estabilidade política”. Manuela Silva também concorda que a questão económica tem “abafado aquilo que esteve na génese” da União Europeia, incluindo valores como a paz e o “desenvolvimento harmonioso” que não esqueça a coesão social. “Decorridos 50 anos, continuamos a ter dilemas sobre a mesa: discutem-se questões sobre a competitividade, mas é preciso colocar ao mesmo nível as questões sobre o modelo social europeu”, afirma, alertando para o risco de se cair numa Europa das “instituições” e não dos cidadãos. Para Sarfield Cabral, na Europa existe “uma preocupação social”, mas não um modelo único. Os nórdicos, por exemplo, conseguem “uma alta competitividade e uma grande protecção social”. A presidente da CNJP assinala as “constantes” do modelo social europeu, começando pelo Estado de Direito e passando por apostas comuns, como “a educação universal, a saúde, o ambiente e uma rede de protecção social”. Estes vectores, defende, responsabilizam governos nacionais e instâncias comunitárias. A UE, como “realidade dinâmica”, responsabiliza todos os que fazem parte dela como “projecto em construção”, acrescenta Manuela Silva. Esta responsável fez parte de um Comité de Sábios reunido pela Comissão dos Episcopados católicos da UE (COMECE), os quais, no documento que elaboraram, acenaram à dimensão de solidariedade da Europa para com o resto do mudo. Manuela Silva lembra que esta solidariedade passa pela “ajuda efectiva” e o apoio ao desenvolvimento dos países mais pobres. Numa Europa da diversidade, o constante processo de alargamento/unificação traz novos desafios. O director de informação da RR considera que, no último alargamento, “os países mais ricos foram menos generosos”, o que considera ter sido um mau sinal. “A UE é algo completamente original e exerce uma grande atracção nos países que a rodeiam”, acrescenta.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top