50 anos de Comunidade Europeia

Comité de Sábios apela ao multilateralismo e à responsabilidade social com o resto do mundo A Comissão dos Episcopados da Comunidade Europeia (COMECE) apresentou hoje o Congresso que vai promover,, de 23 a 25 de Março, para assinalar os 50 anos dos Tratados de Roma, fundadores da Comunidade Europeia, num momento de reflexão sobre o futuro da Europa. Para discutir os “valores e perspectivas sobre a construção europeia”, os Bispos católicos convocaram cerca de 400 participantes, com a intenção de “identificar valores-chave” para os cristãos, confirmando aqueles que definiram o processo de unificação europeia desde o seu início. Sábado será proclamada a “Mensagem de Roma”, que vai ser enviada aos Chefes de Estado e de Governo da UE. 23 delegações episcopais estarão presentes, ao lado dos maiores movimentos e comunidades católicas da Europa. Um grande número de políticos europeus de referência também irão marcar presença: Romano Prodi, Mary McAleese, Wolfgang Schäuble, Hans-Gert Pöttering, Peter Sutherland, Marcelino Oreja e Mario Monti. A Santa Sé será representada por D. Dominique Mamberti, Secretário para as Relações com os Estados. O Congresso é inaugurado pela apresentação do documento “Uma Europa de valores”, redigido pela comissão de sábios nomeada pela COMECE, na qual se inclui Manuela Silva, presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz. Por outro lado, a COMECE já enviou aos dirigentes das instituições europeias um documento que recolhe as contribuições dos Bispos para a chamada “Declaração de Berlim”, que servirá para afirmar a UE como uma comunidade de valores. O documento tem como título “Valores comuns, a fonte viva do projecto europeu”, procurando chamar a atenção para a necessidade de colocar a pessoa no “coração do projecto europeu”. A COMECE tem preferido falar em “unificação” europeia e não em “alargamento” da UE, dando especial destaque ao movimento de reconciliação da Europa após a queda do muro de Berlim – à imagem do que acontecia, aquando do Tratado de Roma, com um Continente saído da II Guerra Mundial e em busca de um futuro de paz. Europa de valores A COMECE apresentou hoje o referido relatório do Comité de Sábios, intitulado “Uma Europa de valores – A dimensão ética da União Europeia”. Desta comissão faz parte, para além de Manuela Silva, Jacques Santer, antigo presidente da Comsissão Europeia; Michel Camdessus, antigo director geral do FMI; Pat Cox, antigo presidente do Parlamento Europeu; Loyola de Palacio, antiga vice-presidente da Comissão Europeia e Peter Sutherland, antigo director geral da Organização Mundial de Comércio. Entre as recomendações efectuadas destacam-se a necessidade de apostar no multilateralismo e o apelo à “responsabilidade social” para com o resto do mundo. O texto está disponível em www.rome-2007.eu Com este esforço procura-se identificar os valores que guiaram o projecto europeu, desde o seu início, e que hoje devem ser renovados para que a UE possa responder às ambições dos seus cidadãos e do mundo em geral. O presidente da COMECE, D. Adrianus van Luyn, referiu na conferência de imprensa desta quinta-feira que “os valores que caracterizaram e ainda caracterizam o processo de unificação europeia brotam das tradições religiosas e, em particular, das cristãs, cuja vitalidade constante é significativa para o futuro da União Europeia”. A vitória do “Não” nos referendos ao Tratado Constitucional, na França e na Holanda, deve ser considerada como “um novo capítulo na história da unificação europeia”, com a necessidade de se definir “o que é a União”. O relatório do Comité de Sábios sublinha, nesse sentido, que a UE “tem necessidade de um sistema duradouro de solidariedade social, adaptado ao século XXI” e deve assumir os desafios do novo século, como a globalização, as questões climáticas, a segurança, as migrações e a luta contra a pobreza. Mais do que as instituições políticas, assinala o documento, são os valores que a UE incarna que explicam “o interesse, o prestígio e a esperança que ela suscita no mundo”. Estes valores, herdeiros da tradição cristã e de outras crenças e correntes filosóficas, “devem ser uma fonte de inspiração para o futuro: assim, a construção europeia tornar-se-á para os cidadãos aquilo que ela nunca deveria ter deixado de ser, uma fonte legítima e duradoura de orgulho e fundamento de uma poderosa esperança”, conclui o relatório.

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