Poesia procura novos leitores

No Dia Mundial da Poesia, que hoje se assinala, o poeta Tolentino de Mendonça diz que “a poesia não é um reduto para estudiosos. É antes um mapa para as viagens mais humanas”. De acordo com este poeta e padre o número de leitores de poesia em Portugal está a aumentar. “Ao nível do que se vê no próprio mercado editorial português, há um interesse muito grande pela publicação de poesia, o que significa que o número de leitores também tem crescido”, refere à RR, em declarações publicadas no “Página 1”. “Hoje, é muito importante voltar a ouvir os poetas, porque a espessura e a densidade da palavra poética continuam a problematizar, a interrogar, a dar-nos um real mais complexo do que as simplificações portáteis e formatadas que os discursos habituais nos dão”, explica. Para Tolentino Mendonça, não há como fugir à poesia. Tanto, que há sempre um momento em que vamos procurá-la. “Há uma dimensão da poesia que é uma espécie de pele do nosso real. Hoje, parece que é possível criar-se um cidadão sem o conhecimento e o contacto com a poesia, mas há sempre um momento em que a necessidade do poético assalta a nossa vida”, considera o padre Tolentino Mendonça, que está a trabalhar num livro de inéditos a sair até ao final do ano. Nascido em 1965, em Machico, na Madeira, José Tolentino Mendonça iniciou os seus estudos de Teologia em 1982 e foi ordenado sacerdote em Julho de 1990. Partiu depois rumo a Roma para frequentar o mestrado em Ciências Bíblicas, tendo-se doutorado em Teologia Biblíca pela Pontifícia Universidade Gregoriana. É, actualmente, director da revista de teologia Didaskalia, editada pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa, onde é professor auxiliar. A sua poesia é considerada unanimemente como uma das mais rigorosas e originais da moderna poesia portuguesa. Como ensaísta, publicou textos sobre Ruy Belo, Teixeira de Pascoaes e Eugénio de Andrade. É biblista, tendo realizado estudos como “O Outro Que Me Torna Justo”, “Métodos de Leitura da Bíblia” e “A construção de Jesus”. Traduziu do hebraico o “Cântico dos Cânticos” e o “Livro de Ruth”. Além dos seus sete livros de poesia, entre os quais “A Noite abre os meus olhos” (2006) – uma antologia da sua obra poética – é autor de uma peça de teatro, dois ensaios sobre Teologia e diversos artigos em revistas científicas desta matéria.

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