As religiões saíram dos templos

O II Colóquio promovido pela Comissão da Liberdade Religiosa teve como pano de fundo «A Religião fora dos templos» para abordar as temáticas da jurisprudência nos tribunais portugueses, em Israel, nos países islâmicos e nos Estados Unidos. Nesta iniciativa – nos dias 16 e 17 de Março – realizaram-se também duas mesas redondas sobre «Religião e Educação» e «Os Media e o tratamento do fenómeno religioso». O Pe. Saturino Gomes, membro da Comissão da Liberdade Religiosa em representação da Conferência Episcopal Portuguesa referiu à Agência ECCLESIA que o “fenómeno religioso está dentro das instituições e na própria sociedade”. A religião “não deve ficar confinada aos templos e à dimensão litúrgica, nem deve ser uma dimensão privada da vida das pessoas”. No painel «Religião e Educação», Esther Mucznik, vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa, apresentou um estudo sobre a «Religião nos Manuais Escolares». A maioria dos manuais escolares de História, Português e Formação Cívica têm erros e omissões em relação às religiões. “Formas incompletas de apresentar as religiões” – disse o Pe. Saturino Gomes. E acrescenta: “há falta de formação dos autores dos manuais” e “é preciso corrigir alguns aspectos”. Depois de um aprofundamento, este relatório será entregue à Ministra da Educação. Por sua vez, Esther Mucznik considerou que o judaísmo é a religião “mais maltratada nos manuais escolares”. O cristianismo é “praticamente” a única religião “reconhecida” nos manuais, mas a sua imagem e apresentação é “não apenas insuficiente, como também eivada e erros e simplificações que revelam ignorância dos próprios autores e induzem os alunos em erro” – disse aos jornalistas a vice-presidente da Comunidade Israelita de Lisboa. Em relação à jurisprudência, o membro da Comissão da Liberdade Religiosa em representação da Conferência Episcopal Portuguesa frisou que nos diversos acórdãos “proferidos pelo Tribunal Constitucional nota-se um respeito pelas religiões”. O Tribunal defende a Liberdade Religiosa como “um elemento positivo da vida dos cidadãos” – realçou. Quanto ao Ensino da Religião nas escolas portuguesas, a jurisprudência vai “no sentido de respeitar este ensino nas escolas públicas”. E acrescenta: “se a religião for removida das escolas públicas será substituída pelo ateísmo e pela indiferença”. O tratamento do fenómeno religioso nos «media» foi também objecto de reflexão. “Em geral, o jornalismo religioso revela uma certa ignorância nesta área” – sublinhou o Pe. Saturino Gomes. E adianta: “Há falta de formação dos jornalistas para tratarem destes temas”. Por outro lado, as instituições religiosas revelam – por vezes – “algum medo e desconfiança perante a Comunicação Social”. E finaliza: “muitas vezes os «media» tratam temáticas mais sensacionalistas e fenómenos episódicos e deixam de fora o lado mais importante”.

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