50 anos de sacerdócio

Cardeal Saraiva Martins celebra aniversário e revela que o processo de canonização de João Paulo II vai avançar O Cardeal Saraiva Martins está a celebrar 50 anos de sacerdócio no Encontro de Estudantes de Teologia, que hoje iniciou no Porto. Convidado para fazer uma comunicação sobre as religiões e a paz, recorda esse 16 de Março de 1957, quando foi ordenado sacerdote depois dos estudos teológicos, em Roma. E foi em Roma que exerceu o seu ministério sacerdotal: primeiro como professor nas universidades romanas de teologia e filosofia, depois como membro de diferentes dicastérios do Vaticano. Depois do dom da vida e da fé, olha o sacerdócio como “o maior dom que o Senhor nos pode dar”. Em entrevista ao Programa Ecclesia, D. José Saraiva Martins recordou a sua vontade de ser padre, que transmitia à sua mãe desde pequeno quando ela perguntava, lá na aldeia de Gagos do Jarmelo (Diocese da Guarda), o que queria ser quando fosse grande. “Depois de 50 anos de sacerdócio, se tivesse que fazer uma opção, faria a mesma”, afirma. E recorda a necessidade “convencer” o pai que não era favorável, a entrada no seminário claretiano, o ano do noviciado e a chegada a Roma para os estudos filosóficos e teológicos. Padre no Vaticano D. José Saraiva Martins passou os 50 anos de sacerdócio no ambiente académico e nos corredores da Cúria Romana. Primeiro como Professor da Universidade Urbaniana, onde foi professor durante 16 anos, onde foi também Reitor por mandatos sucessivos; depois no trabalho dos “Ministérios” da Santa Sé. Em Maio de 1988 foi nomeado por João Paulo II como secretário da Congregação para a Educação Católica, tendo sido então elevado à dignidade de Arcebispo. Antes disso, tinha prestado importantes serviços na Cúria Romana como membro da Comissão de Teologia, espiritualidade e animação missionária da Congregação para Evangelização dos Povos; foi consultor do então Secretariado para os não-cristãos, da Congregação para a Doutrina da Fé, do Conselho Pontifício para o Diálogo Inter-religioso, da Congregação para os Bispos e do Conselho Pontifício para a Cultura. Desde Maio de 1998 desempenha funções como Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, cargo no qual foi reconduzido por Bento XVI. È nestes ambientes que desenvolve o seu ministério sacerdotal. Para o Cardeal português, “o trabalho na Cúria não é menos sacerdotal do que numa Diocese ou numa paróquia. Porque o conta num sacerdote, em tudo aquilo que faz, é a intenção, é o modo, é o contexto em que coloca o seu sacerdócio”. “Eu examinando os papeis, estudando os problemas das causas dos santos, agora, eu vejo nos papeis uma acção pastoral: contribuir para que a santidade da Igreja seja posta num candelabro e ilumine os fiéis e os homens de hoje. Esta intenção sacerdotal eu procuro nunca esquecê-la. Trabalho na Cúria, lá no meu gabinete, mas o meu coração, eu pelo menos assim o quero, é sempre sacerdotal” – referiu ao Programa Ecclesia o Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. “Procuro ser Pastor fazendo um trabalho que, aparentemente, não é pastoral”. Beatificação de João Paulo II avança A 2 de Abril, em S. Pedro, será encerrada a fase diocesana do processo de canonização do Papa João Paulo II. Depois de ter terminado em Cracóvia, com a recolha de toda a documentação, conclui-se agora na Diocese de Roma. O Cardeal Saraiva Martins confirmou-o, adiantando que, a partir daí e nesse dia, começa a “II fase”: “a Congregação para as causas dos Santos receberá todo a documentação recolhida durante a fase diocesana; nós vamos programar o estudo da mesma e não é possível fazer previsões de nenhum género”. Porque se trata do processo com muita documentação e a exigir sérias análises históricas, médicas e teológicas. “As causas de um papa são sempre muito mais complexas do que uma freira de clausura”, exemplificou (sem incluir o processo da Irmã Lúcia, fez questão de lembrar). Sem fazer previsões para data de beatificação, o Cardeal Saraiva Martins deixou uma certeza: quando o processo der entrada na Congregação que dirige, fará uma excepção e dará andamento imediato a esse processo. “Na congregação há mais de 2200 processos de canonização e beatificação. Portanto, não é que estejamos lá à espera que venha uma causa! Nós temos um trabalho imenso. E nós, no estudo das causas, procedemos por ordem de entrada na congregação. Naturalmente para João Paulo II faremos uma excepção. Mesmo assim não se pode prever quando é que será beatificado”. D. José Saraiva Martins sublinhou ainda que o que interessa é que o processo continue e siga todos os passos normais. Só dessa forma se valorizará a santidade do Papa João Paulo II e a sua história e o seu exemplo perdurarão no tempo. Porque não duvida da sua santidade. “O Papa João Paulo II – a quem eu devo tudo – é um santo!”, afirmou com convicção o cardeal português. Sobre o processo de canonização da Irmã Lúcia, D. José Saraiva Martins sublinhou que o Bispo de Coimbra “faz muito bem” em pedir ao Papa Bento XVI a antecipação da abertura do processo sem que se cumpram 5 anos após a sua morte (como determinam as normas canónicas). Já em Fevereiro, quando esteve em Portugal para ordenar o Bispo de S. Tomé e Príncipe, referira que Lúcia “merecia” que o processo iniciasse agora. Na Europa e na atenção aos media “O único magistério hoje infalível é a comunicação social”. A afirmação é de D. José Saraiva Martins e quer sublinhar a importância dos meios de comunicação social. “Quem manda hoje no mundo é a comunicação social, é a comunicação social que forma a opinião pública”. Esta convicção junta-se à paixão que “sempre teve” pela comunicação social. Por isso, aponta como acção prioritária, na Igreja, a formação: “a Igreja o que tem de fazer é preparar gente, pessoal, sacerdotes e leigos, capazes de trabalhar neste campo tão importante e tão delicado”. Sobre a Europa e a referência à sua identidade, o Cardeal Saraiva Martins diz que “não se deveria perder esta oportunidade (da celebração dos 50 anos dos Tratados de Roma) para corrigir certos erros”. O facto da Constituição Europeia não ter sido aprovada, “é providencial”. Porque a Europa não é a América… A Europa tem uma identidade própria a que devemos ser fiéis”. 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