Portugal precisa de um Movimento Social Cristão

“Tenho pena que nós, os cristãos, não tenhamos criado um grande Movimento Social Cristão (MSC)” – disse, ontem, ao Programa ECCLESIA, Acácio Catarino, consultor social e ex-presidente da Cáritas Portuguesa. Com um percurso longo na acção social, o entrevistado referiu que “é indispensável” que os cristãos vivam “intensamente” este período quaresmal e “assumam as responsabilidades nas suas actividades mas também influenciando as diferentes estruturas”. Neste caminho de preparação para a Páscoa, Acácio Catarino – ex-consultor para assuntos sociais do anterior Presidente da República – propõe a conversão – interior e exterior – para “ultrapassarmos este momento actual onde a economia não avança e verificamos graves problemas sociais”. E acrescenta: “um convite a sermos mais justos e mais fraternos”. Se o Movimento Social Cristão nascer – “oxalá que sim” -; o ex-presidente da Cáritas Portuguesa garante que haverá “uma nova tomada de consciência dos problemas sociais, de motivação para a respectiva solução e apresentação de propostas”. O que falta para tal acontecer? A resposta de Acácio Catarino rápida: “Muito e quase nada”. E adianta: “Há milhares de cristãos envolvidos nas estruturas e uma doutrina fortíssima. Há milhares de instituições de acção social. Falta congregar esforços e avançar”. Mas solta um desejo: “Seria desejável que fosse objecto de uma iniciativa forte, pela Conferência Episcopal Portuguesa ou organismos laicais. Em relação aos sinais da Quaresma – Esmola, Jejum e Cinzas -, o consultor sublinhou que “importa dar uma dimensão moderna à palavra esmola”. Só conhecendo os problemas sociais, “empenharmo-nos na sua solução e actuarmos junto das diferentes instituições é que surgem resultados positivos” porque “sozinhos não conseguimos resolver os problemas” Pessimismo actual Ao olhar para a realidade actual, Acácio Catarino frisou ao ECCLESIA que “há razões para estarmos pessimistas e apreensivos” por isso “é fundamental a conjugação de esforços”. A aposta na acção social “está assumida pela Igreja”, o que está “mais atrofiado é a mobilização geral” – afirma. No seu percurso profissional exerceu o cargo de consultor de Jorge Sampaio. “Nessas funções tomamos consciência de inúmeros problemas sociais”. Quando falou dos resultados estatísticos, Acácio Catarino lamentou uma “deturpação preocupante”. Os estudos sobre a pobreza e exclusão social “são baseados em estatísticas diversas e abandonamos a informação personalizada que existe”. Neste caminho de acção social, as empresas também têm uma palavra a dizer. Muitas já assumiram este papel de parceiro social mas “é desejável que assumam mais responsabilidades”. Ao Estado faz um apelo: “devia ser um bom aliado das empresas portuguesas”. E dá soluções para esta aliança. “Facilitar a sua regularização – há milhares que não estão regularizadas – dar informação para o seu desenvolvimento e proporcionar qualificação”. A base da acção social também está no voluntariado. “Sem Voluntariado toda a acção social fracassa. É impossível ter técnicos para estarem em todas as situações” – confessou o entrevistado. Muitas vezes o Voluntariado “não é mais eficaz e qualificado porque não existem condições para que isso aconteça”. Programa Ecclesia do dia 12 de Março de 2007

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