Centenário de nascimento da Irmã Lúcia

Bispo de Leiria-Fátima prestou homenagem ao «admirável dom de Deus à sua Igreja e ao mundo» A Basílica do Santuário de Fátima encheu-se para assinalar o centenário do nascimento da Irmã Lúcia. Durante a celebração, marcada pela memória da Vidente, D. António Marto prestou homenagem ao “admirável dom de Deus à sua Igreja e ao mundo”. “A mensagem de Fátima é actual e assume extrema importância nos dias de hoje”, afirmou. Na sua homilia, o Bispo de Leiria-Fátima convidou a comunidade a unir-se à Irmã Lúcia “na Comunhão dos Santos, em Cristo, ao seu face a face com o Senhor”. “A sua memória transporta-nos para o Mistério de Deus e a sua Palavra, que nos ilumina e inspira”, disse. O Bispo de Leiria-Fátima recordou a “mensagem de advertência, mas ao mesmo tempo de reconciliação e de paz” que foi deixada neste local, num momento em que as Guerras mergulhavam o mundo “no fogo e no sangue”, num processo de aniquilação e morte que “introduziu o inferno na Terra”. “Deus, através da Mãe do seu Filho, deu sinais da sua misericórdia e convidou os homens a não se resignarem à banalização do mal”, acrescentou. A Irmã Lúcia foi “receptora, transmissora e memória vida” desta mensagem, ao longo do século XX, “na verdade, na humildade e na discrição”. “Fazer memória dela hoje é, pois, um convite a reconhecer no tempo presente carregado de incertezas, de temores e de atentados à vida humana, o poder imenso do amor de Deus, e de nos confiarmos à certeza da sua misericórdia que salva a humanidade”, prosseguiu. O prelado aletou ainda para um “eclipse cultural de Deus em que muitos cristãos perderam ou, porventura, nunca experimentaram o gosto, o sabor de Deus no coração e na vida”. D. António Marto frisou que “a Irmã Lúcia não era um extra-terrestre. Trabalhou em várias tarefas como mulher desembaraçada, inteligente, cheia de alegria e bom humor”. Homília na íntegra «Memória viva» da mensagem no silêncio contemplativo Lúcia de Jesus A 13 de Maio de 1917, três crianças apascentavam um rebanho na Cova da Iria, concelho de Ourém, hoje diocese de Leiria-Fátima. Chamavam-se Lúcia de Jesus, de 10 anos, e Francisco e Jacinta Marto, seus primos, de 9 e 7 anos. Por volta do meio dia, depois de rezarem o terço, como habitualmente faziam, entretinham-se a construir uma pequena casa de pedras soltas, no local onde hoje se encontra a Basílica. De repente, viram uma luz brilhante; julgando ser um relâmpago, decidiram ir-se embora, mas, logo abaixo, outro clarão iluminou o espaço, e viram em cima de uma pequena azinheira (onde agora se encontra a Capelinha das Aparições), uma “Senhora mais brilhante que o sol”, de cujas mãos pendia um terço branco. A principal protagonista das Aparições de Fátima, Irmã Lúcia, nasceu em 28 de Março de 1907, em Aljustrel, paróquia de Fátima, e faleceu no dia 13 de Fevereiro de 2005. Em 17 de Junho de 1921, ingressou no Asilo de Vilar (Porto), dirigido pelas religiosas de Santa Doroteia. Posteriormente, sendo Lúcia religiosa de Santa Doroteia, Nossa Senhora apareceu-lhe novamente em Espanha (10 de Dezembro de 1925 e 15 de Fevereiro de 1926, no Convento de Pontevedra, e na noite de 13/14 de Junho de 1929, no Convento de Tuy), pedindo a devoção dos cinco primeiros sábados (rezar o terço, meditar nos mistérios do Rosário, confessar-se e receber a Sagrada Comunhão, em reparação dos pecados cometidos contra o Imaculado Coração de Maria) e a Consagração da Rússia ao mesmo Imaculado Coração. Este pedido já Nossa Senhora o anunciara em 13 de Julho de 1917, na parte já revelada do chamado “Segredo de Fátima”. Anos mais tarde, a Ir. Lúcia conta ainda que, entre Abril e Outubro de 1916, tinha aparecido um Anjo aos três videntes, por três vezes, duas na Loca do Cabeço e outra junto ao poço do quintal da casa de Lúcia, convidando-os à oração e penitência. Faleceu a 13 Faleceu no Convento de Santa Teresa, em Coimbra, a 13 de Fevereiro de 2005. Contava 97 anos e “deixou-nos pelas dezassete horas e trinta minutos, após alguma semanas de enfermidade, durante as quais esteve retida na sua cela, dada a progressiva e extrema debilidade em que, desde há meses, vinha caindo, não obstante a assistência médica e técnica que lhe foi dispensada. Rodeada pelas suas Irmãs Carmelitas e assistida pela médica pessoal, manteve inteira lucidez até aos seus últimos dias, tendo recebido conscientemente todo o conforto dos sacramentos do Senhor” – salienta uma nota informativa da Casa episcopal de Coimbra. A 19 de Fevereiro de 2006 o seu corpo foi trasladado para a Basílica do Santuário de Fátima, onde foi tumulado ao lado da sua prima, a vidente Beata Jacinta Marto. “Pessoa humilde, recolhia-se sempre que podia, atendia sempre com caridade as pessoas que lhe pediam entrevista, mas fugia quanto podia desses contactos públicos e protocolares. Era verdadeira carmelita” – sublinha D. Albino Cleto, bispo de Coimbra. A figura e a vida da Irmã Lúcia, falecida em Coimbra foram recordadas como um “exemplo de fé” por vários bispos portugueses, que elogiaram a sua discrição apesar do protagonismo da mensagem de Fátima. D. João Alves, bispo emérito de Coimbra, contactou algumas vezes com a Irmã Lúcia e refere à Agência ECCLESIA que dela guarda “uma imagem muito agradável e positiva”. “A Irmã Lúcia inspirava confiança pela paz em que vivia. Uma paz assente na fé e numa constante união a Deus. Era uma pessoa muito serena e interessada pelos problemas da vida, principalmente pelos problemas dos pobres. Estando num mosteiro de contemplativas, verifiquei que se mantinha a par das grandes preocupações do mundo e da Igreja”. Canonização nas mãos do Papa A decisão “será de Bento XVI” sobre o pedido de dispensa de espera de cinco anos após morte da vidente de Fátima mas “certamente a Lúcia mereceria porque foi uma grande santa” – disse, recentemente, em Fátima, o Cardeal Saraiva Martins, Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos. “Tive muitos contactos com ela e fiquei sempre com a ideia que vivia noutro mundo” – sublinhou o Cardeal português. Para que a Irmã Lúcia – falecida há dois anos – seja beatificada, o “processo irá levar muito tempo e anos”. O pedido de dispensa será feito “oportunamente”, talvez “antes do Verão”. Notícias relacionadas • João Paulo II quis abrir processo de beatificação da Irmã Lúcia

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Agência ECCLESIA

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