«É o pecado que produz a morte», sublinha Francisco
Cidade do Vaticano, 20 mar 2022 (Ecclesia) – O Papa rejeitou hoje, no Vaticano, as teses de quem atribui a guerra ou a pandemia a um “castigo” divino, sublinhando que, na fé católica, Deus é “próximo, misericordioso e terno”.
“Quando as notícias do mal nos oprimem e nos sentimos impotentes diante do mal, muitas vezes nos perguntamos: será talvez um castigo de Deus? É Ele quem envia uma guerra ou uma pandemia, para nos punir pelos nossos pecados? E por que não intervém o Senhor?”, referiu, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus.
Francisco sublinhou que, muitas vezes, se atribuem a Deus as “desgraças, as desventuras do mundo”, realçando que o ser humano é sempre “livre”, pelo que é nas suas decisões que se encontram as causas do mal.
“(Deus) nunca usa a violência e, pelo contrário, sofre por nós e connosco”, acrescentou.
O Papa destacou que o próprio Jesus “recusa e contesta fortemente” a ideia de atribuir os males a Deus, como se algumas pessoas fossem “vítimas de um Deus impiedoso e vingativo, que não existe”.
“Quando o mal nos oprime corremos o risco de perder a lucidez e, para encontrar uma resposta fácil para o que não podemos explicar, acabamos por culpar Deus”, alertou.
O mal nunca pode vir de Deus porque Ele não nos trata segundo os nossos pecados, mas segundo a sua misericórdia. É o estilo de Deus, não pode tratar-nos de outra forma, trata-nos sempre com misericórdia”.
Francisco defendeu que, em vez de culpar Deus, cada pessoa deve “olhar para dentro”.
“É o pecado que produz a morte; é o nosso egoísmo que despedaça os relacionamentos; são as nossas escolhas erradas e violentas que desencadeiam o mal”, precisou.
O Papa apelou a uma “conversão”, que afaste as pessoas do mal e do pecado, para abrir-se “à lógica do Evangelho, porque, onde reinam o amor e a fraternidade, o mal já não tem poder”.
A intervenção, perante os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, destacou a “paciência de Deus”.
“Um belo nome de Deus seria o Deus das novas possibilidades. Dá-nos sempre outra oportunidade”, referiu o pontífice.
OC