Cristãos por opção e não por tradição

A mutação cultural em curso não só na sociedade portuguesa mas na Europa, reuniu os bispos de Coimbra, Aveiro, Viseu, Guarda, Leira-Fátima e Lamego. Na sequência da última Assembleia Plenária da Conferência Episcopal Portuguesa, houve a constatação de uma “exculturação”, referiu à Agência ECCLESIA, D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima e anfitrião deste encontro. Estas alterações têm repercussões no mundo sacerdotal e episcopal. A mutação cultural “repercute-se ao nível do pensamento”, sublinha. Há uma corrente de demissão da cultura cristã, “um esmorecer da memória cristã”, que leva à constatação de existir uma “crise de Deus”. O grande problema é “as pessoas não se colocarem diante do mistério de Deus e da transcendência”, aponta o Bispo de Leiria-Fátima. “É preciso despertar o ouvido das pessoas” e a cultura pode fazer esta ponte porque “a fé pode também ser geradora de cultura”. O diálogo entre fé e cultura é um aspecto “fundamental”, assegura D. António Marto. Esta mutação cultural não é nova para o episcopado português. Em vários documentos “fomos abordando essa questão. Agora foi a «ponta do iceberg»”, aponta. A fé cristã vai sendo “minada”, aponta o bispo de Leiria Fátima, “fé que se vive muito a nível superficial”, o que obrigada a fazer escolhas concretas. “Hoje não se pode ser cristão por tradição, mas por opção, por escolha de quem sabe o que quer e porque o quer”, resultando numa fé “consciente, livre e responsável”. Estes encontros são “reuniões de partilha de preocupações e de novas visões”, sublinha D. António Marto. Sem pretensão de organizar o país, “por termos uma realidade mais próxima, encontramo-nos para reflectir”.

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