Fátima – sinal de esperança para a humanidade

Oratória com duzentas e cinquenta vozes de onze coros. O Santuário de Fátima apresentará a 11 de Outubro a oratória “Fátima – sinal de esperança para a humanidade”,uma iniciativa cultural integrada nas celebrações dos 90 anos das Aparições em Fátima. A segunda actuação está agendada para a tarde de 13 de Outubro, dia da inauguração da Igreja da Santíssima Trindade e do 90º aniversário da última aparição da Virgem Maria, em Fátima. Com texto organizado por A. Aparício e J. Paulo Quelhas, com base nas “Memórias da Irmã Lúcia”, e música do Padre António Cartageno, duzentas e cinquenta vozes de onze coros de Portugal vão dar voz a alguns dos momentos que marcaram a história das aparições em Fátima. A Orquestra será a Filarmonia das Beiras, de Aveiro. A Sala de imprensa do Santuário de Fátima entrevistou o Pe. António Cartageno, Como acolheu este convite do Santuário de Fátima, de levar a efeito uma obra musical sobre Fátima, comemorativa dos 90 anos das Aparições? Padre António Cartageno – Com bastante resistência: o convite surgiu pouco tempo depois de eu ter acabado de compor a Cantata de Santo Agostinho, apresentada 10 vezes ao público. Estava tudo ainda muito fresco e eu tinha medo de não conseguir estabelecer o necessário distanciamento em relação ao trabalho anterior, para me lançar num tema completamente diferente. Mas acabei por aceitar o desafio e sinto-me muito honrado pelo convite. Com que sentimento escreveu a música para esta obra? P. António Cartageno – Escrevi esta obra procurando ser fiel ao texto, sempre na difícil busca da linguagem musical que me parecia mais adequada para o tornar ainda mais verdadeiro e penetrante. Escrevi sob o peso da grande responsabilidade de estar a preparar uma obra para celebrar uma data histórica da Igreja portuguesa: a comemoração dos 90 anos das Aparições de Nossa Senhora e a inauguração da igreja da SS.ma Trindade. Tenho consciência das minhas limitações, mas farei tudo o que puder para que o meu trabalho possa estar minimamente à altura de acontecimentos tão importantes! Porquê o título “Fátima, sinal de esperança para a humanidade”? P. António Cartageno – Este é o título da 4ª e última parte da Oratória, mas foi também escolhido para título geral da obra porque parece resumir bem todo o conteúdo: num mundo em que o homem (à altura das aparições, em 1917) queria “construir sem Deus a sua cidade”, a Virgem Mãe do Céu vem a Fátima chamar os seus filhos à conversão. Hoje a história repete-se. Mas, diante dos desvios do homem contemporâneo, Deus continua a ser paciente e misericordioso e, por Maria, continua a chamar-nos à conversão. A oratória encaminha-nos para esse horizonte de esperança, mas parece-me que também pretende evidenciar esse apelo – “Mãe de misericórdia, rogai por nós, para que sejamos socorridos em tempo oportuno”. É um forte apelo, é quase como quem diz: “Nossa Senhora ajuda-nos, que ainda estamos a tempo!”. Como sacerdote, como analisa a actualidade da mensagem de Fátima para o mundo de hoje. P. António Cartageno – Como escreveu D. António Marto, Bispo de Leiria-Fátima, “depois das Escrituras, Fátima é talvez a denúncia mais forte e impressionante do pecado do mundo que convida toda a Igreja e o mundo a um exame de consciência sério”. E diz ainda: “Maria é a âncora segura no meio das ondas agitadas do presente.” Esta Oratória é escrita para as pessoas de hoje, procurando mostrar-lhes que, na mensagem da Virgem de Fátima, Deus vem ao encontro do homem náufrago e perdido apontando-lhe o caminho da conversão. Por isso é como a Leopoldina diz: o título da Oratória e a parte final encaminham-nos para um grande horizonte de esperança. Numa fase inicial, pensou realizar-se uma “cantata”, mas, depois, o Sr. propôs uma “oratória”. Pode explicar-nos porquê? Que diferenças há entre um género e outro? P. António Cartageno – A Cantata sacra e a Oratória (ou Oratório) têm em comum o facto de serem composições vocais e instrumentais de grandes proporções, de tema religioso e com o uso de recitativos, áreas, coros, etc. Mas a Oratória tem algo de específico que a distingue da Cantata: desde logo, o papel do Narrador (historicus), que é um personagem típico das Oratórias e das “Paixões” e ao qual é confiado o papel de “narrar” os acontecimentos e ir interligando as diversas partes da acção dramática. Portanto, ele desempenha uma função narrativa – neste caso vai contando o essencial da história de Fátima, na qual são inseridas as várias personagens intervenientes na acção dramática: o Anjo, Nossa Senhora e os Três Pastorinhos. Esse narrador estará portanto em palco? O Narrador (historicus) estará sempre em cena, mas as personagens que referi têm um papel mais activo: embora não seja típico da Oratória a representação cénica (como acontece na ópera), eu imaginei que o Anjo, Nossa Senhora e os Pastorinhos devem ter uma postura dinâmica (e não meramente estática, como acontece num concerto): além da indumentária própria, deve haver alguma movimentação cénica que ajude a incarnar as personagens e a transmitir a mensagem o melhor possível. No total, quantas vozes subirão ao palco? Também haverá crianças? Quanto aos Coros, têm geralmente a função de comentar e sublinhar, de uma forma por vezes exuberante e solene, os aspectos fundamentais da mensagem. São ao todo 11, somando mais de 250 vozes: um de crianças, (mais associado à secção infantil, em que intervêm os 3 Pastorinhos) e 10 de adultos. Destes, 6 são da cidade de Leiria e 4 do Alentejo, tendo todos em comum o facto de terem interpretado há pouco tempo a Cantata de Santo Agostinho. Coro Infantil: Schola Cantorum Os Pastorinhos de Fátima (do Santuário de Fátima); Coros Adultos: De Leiria: Grupo Coral das Obras Sociais do Pessoal da Câmara Municipal de Leiria, Coral do Ateneu Desportivo de Leiria, Coral da Casa do Pessoal do Hospital de Santo André, Coral Cantábilis, Grupo Coralis, Coro do Orfeão de Leiria. Do Alentejo: Coro da Sociedade Filarmónica Harmonia Reguenguense (Reguengo de Monsaraz), Coro do Carmo (Beja), Coro Polifónico da Vidigueira, Grupo Coral do Clube Galp Energia (Vila Nova de Santo André). Dada a grandeza da obra, a começar pela participação de coros de várias zonas de Portugal, como estão a ser organizados os ensaios? Os ensaios “locais” da Oratória começam já na 2ª semana de Março, estando previstos ensaios de conjunto dos 11 coros no dia 7 de Julho, no Centro Paulo VI, e nos dias 6 e 7 de Outubro, estes últimos já com a Orquestra “Filarmonia das Beiras”. O que deseja para esta sua obra? Desejo que esta obra, sempre que for apresentada, seja um grande momento de difusão da mensagem de Fátima; que as palavras e a música com que as revesti toquem realmente o coração das pessoas e as ajudem a encontrar-se com Deus. Porque Nossa Senhora é o melhor caminho para chegar a Deus: “Per Mariam ad Jesum”. Calendário de todas as actuações “Fátima, sinal de esperança para a humanidade”: – 11 de Outubro, no Centro Pastoral Paulo VI, 21h30 (Integrado no programa do Congresso “Fátima para o Século XXI”) – 13 de Outubro, na Igreja da Santíssima Trindade, de tarde. – 14 de Outubro, em Beja, às 16h00. – 21 de Outubro, na Sé de Leiria, às 16h00.

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