« As Igrejas de Portugal estão convosco, o povo português está convosco!» – D. Manuel Clemente
Lisboa, 06 mar 2022 (Ecclesia) – O cardeal-patriarca de Lisboa presidiu hoje em Arroios à Missa do primeiro domingo da Quaresma, com a comunidade ucraniana, evocando os seus familiares e amigos “mais diretamente afetados pela guerra”.
“Aqui em Lisboa, como em todo o Portugal, estais em vossa casa! As Igrejas de Portugal estão convosco, o povo português está convosco! Estais em vossa casa”, disse aos participantes, no final da celebração.
D. Manuel Clemente dirigiu-se aos imigrantes que já vivem em território português e “outros que venham”.
“É a vossa casa”, insistiu, na igreja de São Jorge de Arroios, ladeado por capelães da comunidade greco-católica, que celebra em rito bizantino.
O cardeal começou por explicar que sentia a obrigação de estar com a comunidade ucraniana, neste momento de conflito.
“A vossa pátria vive uma Quaresma muito especial, em que os sentimentos mais profundos são os que valem: o sentido da paz, o sentido da justiça, o sentido da reconciliação”, indicou.
O patriarca de Lisboa convidou os participantes na Eucaristia a acreditar na paz, a partir da sua fé cristã.
“Quando Portugal e outros países da Europa viviam a I Guerra Mundial e havia muitos soldados portugueses a combater e a morrer na Flandres, a Mãe de Jesus, Nossa Senhora, apareceu em Fátima, em 1917 e disse que se houvesse conversão, a guerra acabava. E a guerra acabou, alguns meses depois”, referiu.
Nós temos a mesma convicção de que, quando homens e mulheres põem o seu coração em Deus, que é pai de todos, a paz acontece”.
D. Manuel Clemente sustentou que a paz de Jesus Cristo “enche o coração” dos crentes, “quer nas horas felizes, quer nas horas mais difíceis”.
“Aqui, nesta ponta ocidental da Europa, e na vossa Ucrânia, no Leste europeu, é Cristo que está presente, a sua Mãe que está connosco, e tendo nós o coração em Deus, a paz acontece. Rezar é querer o que Deus quer”, assinalou.
“A paz acontecerá, de certeza”, prosseguiu, concluindo com a bênção para os presentes.
A Missa teve a participação da embaixadora da Ucrânia em Portugal, que no final da celebração saudou a ajuda humanitária de muitos países.
“Esta ajuda vai passar a fronteira da Ucrânia com a Polónia, com a Eslováquia e com a Roménia”, disse Inna Ohnivets, aos jornalistas.
A diplomata acredita que ainda é possível”terminar o conflito no seu país através do diálogo entre as duas partes.
“As pessoas que estão nas cidades ocupadas estão numa situação terrível”, alertou.
Esta manhã, no Vaticano, o Papa apelou à abertura de corredores humanitários e ao fim da guerra, falando em “rio de sangue e de lágrimas”.
OC