Comunicação Social ao serviço da justiça

Na abertura do Ano Judicial de 2003, D. José Policarpo, Cardeal Patriarca de Lisboa, afirmou na sua homilia da missa desse acontecimento que “a administração da justiça não pode ser motivada pela desforra ou pela violência, antes deve ser reposição da verdade. Ela supõe e exige o dom da sabedoria e não apenas a competência dos conhecimentos”. Palavras que Fernando Andrade Ramos, consultor da Comissão Episcopal das Comunicações Sociais e da associação dos Juristas Católicos, corrobora e adianta que a iniciativa lançada pelo Presidente da República, Jorge Sampaio, em relação à presidência aberta que irá fazer sobre a justiça “é uma óptima iniciativa porque o sector da justiça é dos mais mal amados da sociedade”. Na sociedade contemporânea, a administração pública “exige cada vez mais esta sabedoria e deverá ser uma promoção de valores, o sublinhar de um ideal e uma expressão cultural de primeira grandeza”- salientou D. José Policarpo. Por isso, no aspecto do discernimento da justiça num quadro cultural, “ganha relevo crescente a importância da «opinião pública» e da sua influência na definição da justiça”. Já lá vai o tempo em que o quadro de valores de referência, base das leis e da administração da justiça, “era definido e promovido por uma elite cultural”. Nesta transformação qualitativa da «opinião pública», a comunicação social “tem um papel importante” apesar de, “muitas vezes explorar os aspectos mais vulneráveis das pessoas” – refere Fernando Andrade Ramos. Muitos consideram que a Comunicação Social é a responsável pelos problemas da sociedade. Apesar desta “viver muito das audiências” – disse o elemento da Associação Juristas Católicos, muitos dos seus agentes “são fortes promotores de valores e contribuem para um sentido de justiça na sociedade, importante para criar um ambiente positivo que não proporciona o crime e enquadra a aplicação da justiça” – salientou o Cardeal Patriarca de Lisboa. E adianta: “a exigência ética não se limita ao quadro específico da deontologia profissional; é o próprio quadro de valores de referência da sociedade que fundamenta os parâmetros da exigência ética”. Também neste dia, o Bastonário da Ordem dos Advogados, José Miguel Júdice pediu mais dinheiro para a Justiça. O dinheiro é fundamental mas, conforme disse á Agência ECCLESIA Fernando Andrade Ramos, a “Justiça precisa também de mais tribunais, mais juizes e mais funcionários” e que “certos tipos de acções deixem de ir a tribunal porque bloqueiam os serviços”.

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