De alma e coração para o Porto

D. Manuel Clemente, em entrevista ao Programa ECCLESIA, aborda a sua nomeação como Bispo do Porto e explica como encara esta nova missão dentro da Igreja. Programa ECCLESIA (PE) – Quais são as suas expectativas para esta nova missão que a Santa Sé lhe confia? D. Manuel Clemente (MC) – As expectativas estão todas na graça de Deus. Eu aproveito para retomar aqui os termos da saudação que enviei à Diocese do Porto, nesta circunstância, dizendo que o meu único programa é “conhecer, amar e servir a Diocese do Porto”. Conhecer, antes de mais, porque tenho alguma ligação ao Porto – a minha mãe é portuense e sempre nos lembrou isso -, estar perto das pessoas, das instituições, dos padres, dos consagradas, das consagradas, das famílias e isso é um trabalho a que me dedicarei com todo o gosto. O melhor que qualquer realidade tem é o seu rosto, cada rosto. Depois, amar, porque este não é um trabalho que se faça de uma maneira formal ou distanciada, é algo que nos envolve em tudo aquilo que nós somos. Sempre se disse que o trabalho ministerial, e concretamente de um Bispo em relação à sua Igreja, é participação no amor de Cristo Esposo pela Igreja. Por isso esta envolvência e peço a Deus que seja sempre sinal da sua própria envolvência na salvação do seu povo. Por fim servir, como é específico de um Bispo, estando atento a tudo aquilo que o Espírito vai suscitando nessa grande Diocese que é o Porto, tentando que tudo isso se faça em convergência, em unidade, não só para os que estão na Igreja, Corpo de Cristo, mas também como serviço à sociedade, enquanto sinal, fermento e instrumento de unidade e aproximação entre as pessoas. PE – Chegará a uma Diocese totalmente diferente do Patriarcado de Lisboa. Isso traz-lhe alguma preocupação? MC – Essencialmente, há aqui uma grande igualdade: há igualdade de origem, porque tratando-se de uma Igreja, é de Deus, o mesmo Deus. Depois, há uma grande unidade naqueles a quem nos destinamos, o género humano, concretamente os cristãos e cristãs do Porto, pela presença e trabalho, neles, do Espírito de Jesus Cristo. Afinal, não somos assim tão diferentes. PE – Que peso tem o ter de incluir na sua missão episcopal esse atributo de ser o “Bispo do Porto”? MC – Tenho de, não digo naturalizar, mas actualizar, porque isto é uma obra da graça e é coisa que farei com gosto. Já tenho esse grande lastro familiar e agora com certeza que o irei retomar, para que, a pouco e pouco, tudo isto que até aqui eu tenha sido o seja de outro modo e outra aplicação no local. PE – Ser “Bispo do Porto” é falar de nomes como António Ferreira Gomes, ligado a muitas denúncias sociais. Há aí uma continuidade? MC – O Espírito é o mesmo, o Espírito que trabalhou nessa e noutras grandes figuras da Diocese do Porto é o mesmo Espírito que trabalhará em mim. Depois, o que as circunstâncias produzirem, logo se verá.

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