Quaresma tem de ser tempo de amor e de caridade

D. Teodoro de Faria presidiu ontem na Sé do Funchal à celebração da Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma. O prelado funchalense referiu que «na nossa diocese preparamos com muito amor e entusiasmo o tempo que nos leva até ao Natal de Jesus. Agora temos um tempo mais longo, (40 dias) para nos prepararmos dignamente para a Santa Páscoa». «Vamos prepará-lo como o Senhor nos diz hoje no Evangelho, através da esmola que significa o desapego de nós próprios em favor das necessidades dos nossos irmãos, através da oração, que significa a união com Deus, único que é três vezes Santo e que nos purifica, e depois através do jejum que significa o domínio sobre o nosso corpo, as nossas paixões os nosso apetites», referiu. D. Teodoro de Faria anunciou que, no segundo domingo da Quaresma, dia 4 de Março, será aberto o processo de beatificação de uma religiosa natural da paróquia de Santo António, e pertencente à Congregação das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus. «Esta Irmã que dedicou toda a sua vida aos doentes mentais, era alegre e trabalhadora e teve graças místicas especiais de Deus que ela escondeu e ninguém percebia se não ela própria e que mostra como Deus escolhe algumas pessoas para as privilegiar com um amor especial mas pedindo-lhe sofrimento como reparação pelos pecados do mundo» disse D. Teodoro de Faria. Acentuou, depois que «a Quaresma é o tempo de olharmos para Deus, o três vezes santo como o rezamos no começo do Cânone, pedindo-lhe para participarmos da sua santidade. A grande riqueza da Igreja aquela que não perece, que a ilumina e lhe dá beleza interior é a vida santa dos seus filhos. É por isso que a Quaresma é um tempo e em que os nossos olhos devem estar purificados para poderem contemplar Cristo pregado na Cruz a atrair-nos para o Seu Amor e para a sua misericórdia». «Neste tempo da Quaresma precisamos de fazer como os atletas, que para vencerem têm necessidade de exercícios. A Quaresma é um tempo de exercício espiritual, de treino para as vitórias que são necessárias para agradarmos a Deus e sermos amados e desejados pelos nossos irmãos. Esse treino está, antes de tudo, na audição da Palavra de Deus que nos é dada tantas vezes, tanto no Antigo como no Novo Testamento na liturgia da Igreja, além de outros encontros como sejam a Via-sacra e a Procissão dos Passos», assinalou. Tradição de volta D. Teodoro de Faria revelou que «este ano, também no terceiro domingo da Quaresma vamos retomar a antiga tradição, tão bela e tão sugestiva da Procissão dos Passos na cidade do Funchal, que saía da Igreja do Colégio ia até junto da Sé. Do Colégio saía a imagem do Senhor dos Passos e da Sé saia a imagem de Nossa Senhora que se encontravam e neste encontro se recordava o encontro doloroso de Maria com Jesus Seu Filho a caminho do Calvário e depois seguia em direcção à igreja do Colégio onde se celebrava a Eucaristia». «Esta procissão terminou porque a Confraria do Senhor dos Passos também deixou de ter membros, como muitas outras instituições que depois enfraquecem e até desaparecem, mas não estão mortas», explicou. Referindo-se à renúncia da Quaresma, o prelado funchalense disse que «o amor de Deus, leva-nos a olhar para muito longe, não apenas para as necessidades que nós temos e que são mesmo capazes de aumentarem muito mais, talvez mesmo dificultando muito a nossa vida social e comunitária. E este é o tempo próprio, de olharmos também, como sempre o fizemos, para a Igreja Universal, para aqueles que estão em especiais dificuldades». D. Teodoro Faria referiu ainda que a “renúncia da Quaresma” deste ano tem uma dupla finalidade: uma delas é ajudar a restaurar a Capela da Casa de Retiro do Santuário da Paz (Terreiro da Luta). A outra, é para a Cáritas de Moçambique. O dinheiro angariado para esta instituição será depois canalizado para ajudar as vítimas das fortes chuvas, as pessoas que ficaram sem os seus campos de cultivo e que, por isso, passam “algumas necessidades”.

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