Caminhada Quaresmal

Nota Pastoral de D. António Sousa Braga para a Quaresma 2007 «Não nascemos cristãos» (Tertuliano). Vamo-nos tornando cristãos. A vida cristã é um itinerário de contínua conversão a Cristo e ao Seu Evangelho. A Igreja proporciona-nos a Quaresma, como momento favorável de conversão, de mudança de vida, configurando-nos progressivamente com Cristo, o Homem Perfeito, rosto humano de Deus-Amor. «Ninguém jamaís viu a Deus – adverte S. João. O Filho Único, que está no seio do Pai, é que O deu a conhecer».(Jo 1,18). E nos ensinou que se ama Deus, amando o próximo. «Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é Amor» (1 Jo 4, 7). «A Quaresma deve ser para cada cristão experiência renovada do amor de Deus, que nos foi dado em Cristo, amor que todos os dias devemos, por nossa vez, “dar novamente” ao próximo, sobretudo a quem mais sofre e é necessitado». Esta exortação do Papa Bento XVI, na Mensagem para a Quaresma de 2007 faz eco à Sua 1ª Encíclica – Deus Caritas Est – em que explica magistralmente como o amor a Deus e o amor ao próximo são inseparavéis. «Mas ambos vivem do amor preveniente, com que Deus nos amou primeiro. Deste modo, já não se trata de um “mandamento” que, do exterior nos impõe o impossível, mas de uma experiência do amor, proporcionada a partir do interior, um amor que, por sua natureza, deve ser ulteriormente comunicado aos outros. O amor cresce através do amor» (Bento XVI, Deus Caritas Est, 2005, n° 18). O caminho de aproximação a Deus, de conversão ao Deus-Amor passa pela prática do amor ao próximo. É este o sentido da Renúncia Quaresmal, que pretende ser partilha de bens com os irmãos. Trata-se de, ao longo da Quaresma, renunciar ao supérfluo e até mesmo ao necessário, para ajudar quem mais precisa, dando da nossa pobreza. Neste sentido, apesar das conhecidas necessidades da nossa Igreja Particular, vamos destinar a Renúncia Quaresmal deste ano à Diocese de Bragança-Miranda, que da sua pobreza também já nos ajudou. A Renúncia Quaresmal do ano passado, entregue à Diocese. de Santiago em Cabo Verde, rendeu 23.285, 67 Euros. Um modesto contributo – escrevia eu, no momento do envio do donativo. Ao que me foi respondido, no agradecimento: «para nós, que temos pouco, isso é muito». Vamos viver esta Quaresma, no contexto do Programa Pastoral deste ano, que nos convida a passar da Eucaristia à Vida, da «Missa à Missão». A Eucaristia não é apenas rito celebrativo. Compromete a vida. É Missão. «Para tal missão, a Eucaristia oferece, não apenas a força interior, mas também, em determinado sentido,o projecto. Na realidade, aquela é um modo de ser que passa de Jesus para o cristão e, através do seu testemunho, tende a irradiar-se na sociedade e na cultura» (João Paulo 11, Mane Nobiscum Domine, 2004, n° 25). Quem participa na Eucaristia torna-se, com Jesus e como Jesus, pão partido e repartido, ao serviço dos irmãos. Participando na Eucaristia, somos envolvidos no amor oblativo de Jesus. «Vivamos, então a Quaresma, como tempo “eucarístico”, em que, acolhendo o amor de Jesus, aprendamos a difundi-lo à nossa volta com gestos e palavras» – recomenda-nos O Papa. + António, Bispo de Angra

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