Quaresma, um tempo de luta contra a injustiça

Bispo de Viana deixa desafios a todos os seus diocesanos, em favor de um mundo mais fraterno O Bispo de Viana do Castelo quer todos os seus diocesanos, em particular as famílias, empenhados na «na construção de um mundo melhor, mais humano, mais solidário, mais fraterno» e por isso pede-lhes que façam da Quaresma um «tempo de renovação interior, de conversão, tempo oportuno de luta contra os próprios defeitos e pecados, contra os nossos egoísmos». Na Sé Catedral, ontem, durante a celebração de “Quarta-feira de Cinzas”, a entrada na Quaresma, nos quarenta dias que nos separam da Páscoa, que é a celebração central da nossa fé cristã, D. José Pedreira dirigiu um apelo a todos os cristãos para que se preparem «bem» para «celebrar o acontecimento pascal» da salvação. As leituras bíblicas, explicou, apontam o caminho que «conduz ao estado de justiça na comunhão com Deus» ou seja a conversão do coração que significa o «regresso ou retorno a Deus». Por isso é que o Profeta recomenda que sejam rasgados «os nossos corações», para se dar lugar ao «arrependimento, a sentimentos de justiça e misericórdia», condição para receber as bênçãos e o perdão de Deus. Na mesma linha o Evangelho adverte que o «arrependimento fingido» ou meramente externo, não nos conduz à justiça, ao retorno do amor de Deus, à reconciliação com os nossos irmãos podendo «redundar num acto de hipocrisia», salientou. Sendo a conversão «um acto íntimo de todo o nosso ser» o acolhimento deste apelo «pode, e deve, ser manifestada por atitudes ou sinais externos» cuja tradição da Igreja valoriza como sejam o sacramento da Confissão ou Reconciliação, o gesto ritual das cinzas, a prática do jejum e da abstinência, a oração, o sacrifício de autodomínio e outras formas de renúncia em favor dos mais pobres, referiu. D. José Pedreira recordou ainda a mensagem de Bento XVI para esta Quaresma que desafia os cristãos a viverem estes 40 dias até à Páscoa com os olhos postos em Cristo na cruz com o coração trespassado de onde jorrou sangue e água. Esta referência aos sacramentos do Baptismo e da Eucaristia constitui o convite tomar a sério a «conversão interior e de abertura aos outros», manifestando o «amor a todos os que padecem no próprio coração as feridas infligidas à dignidade do ser humano: vidas desprezadas, exploradas, em drama de solidão ou abandono». Famílias empenhadas na renovação Por outro lado, o Prelado vianense espera que a Quaresma possa ser um tempo favorável para que todas as pessoas façam um «esforço suplementar» em ordem ao aprofundamento da fé, de modo muito particular, «as nossas famílias». Sendo elas «o primeiro espaço do conhecimento e vivência da fé», os primeiros catequistas dos filhos, o Prelado reconhece que «tudo acontecerá de bom se as mesmas famílias se empenharem nesta renovação» e «quase tudo ficará na mesma» se as famílias se «alhearem de assumir a sua própria responsabilidade de educadores da fé». Assinalando que hoje a formação deve ser contínua, D. José Pedreira relembra que a fé cresce no «contacto da palavra de Deus», com a «prática consciente dos sacramentos» e alargando o «tempo de oração frequente e perseverante». A caridade fraterna, acto de privação de alguns bens mais dispensáveis para distribuir pelos mais carenciados, deve acompanhar neste tempo a tradicional penitência do jejum, moderação na ingestão de alimentos em alguns dias da Quaresma – por exemplo Quarta-feira de Cinzas e Sexta-Feira Santa – e de abstinência, optando por refeições mais simples e pobres, tal como a abstenção de alimentação à base de carne. D. José Pedreira reiterou que o produto da oferta recolhida em todas as paróquias e capelas públicas da Diocese (Renúncia Quaresmal), será distribuída para fins de ajuda ao clero idoso ou doente que dela necessitem, para dar apoio à Rádio Eclesia, de Angola, e contribuir para a valorização do arquivo documental da Diocese.

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