A Lua de Joana

Projecto educativo em cena no Centro Cultural Franciscano Uma proposta para ir ao teatro mas que significa mais do que uma hora a ver um espectáculo. O Centro Cultural Franciscano aposta num projecto que não se limita ao visionamento da peça “A Lua de Joana”, mas a ela agrega todo um debate educativo a desenvolver nas escolas, mas também entre pais e filhos, sob o tema Dependências e Liberdade. De uma ideia inicial de angariação de fundos para financiar uma associação cultural, a Artyaplausos que pretende trabalhar com crianças e jovens carenciados, a adesão do público ao projecto ultrapassou as expectativas. Numa adaptação do livro de Maria Teresa Gonzalez, “A Lua de Joana” conta a história de uma jovem que se envolve no mundo da droga, “sendo uma jovem que inicialmente encaixa num estereótipo que não fazia antever o seu envolvimento”, explica à Agência ECCLESIA, Ana Lúcia Galinha, presidente da Artyaplausos – associação cultural, e também responsável pela adaptação do livro à peça. Mas depressa a sua vida muda. A toxicodependência é um tema cada vez mais conhecido. Talvez por isso “exista da parte de todo o público um interesse em perceber o porquê do envolvimento na droga”, porque o “público que assiste é muito diverso”, manifesta Ana Lúcia Galinhas. “Os jovens geralmente chegam através das escolas, mas há também grupos de idosos que fazem marcações através de associações para saber mais sobre o tema”. Se durante a semana são os jovens a partir do 5º ano de escolaridade que assistem à peça, “ao fim de semana encontramos pais que vão com os filhos para posteriormente debaterem o assunto”. A toxicodependência é cada vez mais transversal à sociedade, tendo ramificações em vários níveis. O projecto Dependências e Liberdade desenvolve-se a nível educativo e social proporcionando o debate sobre saúde e sexualidade. Outra forma de aprender Os jovens assistem à peça de forma entusiasmada. Os actores que representam os três papéis também são conhecidos, “o que ajuda a despertar mais atenção”, valoriza Ana Lúcia Galinhas. Jovens do 7º, 8º e 9,º anos enchem a plateia. Rute Gomes é professora de Educação Musical na Escola da Galiza, no Estoril, um estabelecimento de ensino que se situa junto do Bairro do Fim do Mundo, considerado um dos bairros problemáticos. “Muitos dos nossos alunos residem nesse bairro, que de alguma forma acabam por estar próximos da droga e de roubos”. Esta é uma forma de, fora da sala de aula, “abordamos a questão da droga e dos problemas consequentes”. O tema não se esgota na peça. Da responsabilidade da Escola Superior de Enfermagem São Francisco das Misericórdias, segue-se um debate, onde os alunos podem questionar e esclarecer dúvidas. “Os jovens são muito curiosos e gostam muito de abordar e discutir estas questões”, afirma a professora de Educação Musical, pois a partir da droga abordam-se outros temas próprios da juventude, como a sexualidade. Na escola, o projecto Dependências e Liberdade, tem também continuação. “Na minha área estou a pensar propôr aos alunos fazerem uma música”, explica a professora de Educação Musical. Mas há também projectos de cartazes, desenhos e outros formas criativas de informação. Trabalhos que se vão pedir aos alunos com o objectivo de organizar também uma exposição no Centro Cultural durante o mês de Maio, “pois será uma forma de dar continuidade ao projecto e de aprofundar mais o tema”. Frei Hermínio Araújo, director do Centro Cultural Franciscano e coordenador da área educacional do projecto, explica que esta é também uma forma “de nova evangelização”. O Centro Cultural quer trabalhar “a vertente cultural numa relação muito directa com os problemas actuais, adoptando uma atitude próxima da realidade quer dos jovens quer da sociedade em si”, manifesta. Esta proposta é bem acolhido entre os jovens. Uma maneira diferente de abordar os temas fora das paredes da escola que “desperta mais a atenção”, afirma Maria Eduarda, de 14 anos. Esta aluna da Escola da Galiza já conhecia o livro e sublinha a importância do tema “que mostra a realidade dos jovens que se envolvem com as drogas”. Normalmente estes temas são falados com os professores e entre colegas, mas “abordar as drogas através de uma peça é uma forma também de aprender mais coisas”. O projecto estará em cena até ao dia 31 de Março no Centro Cultural Franciscano, em Lisboa. Mas vai estender-se a outros pontos do país, nomeadamente Figueira da Faz, Portalegre, Benavente, e estão ainda a receber marcações. Prevê-se que volte, no final do ano, ao palco do Centro em Lisboa, “dada a grande procura por parte das escolas”, adianta Ana Lúcia Galinha. Os jovens e os estudos A Artyaplausos – Associação Cultural tem por objectivo criar um centro de estudos nas zonas mais carenciadas, “também porque os jovens cada vez mais primam pelo abandono escolar”, explica Ana Lúcia Galinha, presidente da Associação. O centro de estudo seria uma forma de ajudar os jovens ao nível do acompanhamento nos trabalhos escolares mas “como sabemos que cada vez mas eles se desinteressam por esse trabalho, estabelecendo em paralelo actividades culturais como teatro, música, dança, às actividades escolares, eles passariam obrigatoriamente pelo centro de estudos”, explica. A Câmara Municipal de Lisboa apoiou o projecto, cedendo um espaço na zona da Ameixoeira, onde já se desenvolvem actividades, mas o local precisa de obras. “Vamos desenvolver parcerias, mas sem pedir dinheiro a ninguém”, sublinha a presidente. Pedem apenas meios às várias instituições e empresas, que possam promover o espectáculo e assim “ajudar a angariar financiamento”. O objectivo da associação é desenvolver trabalhos na área educacional e na área da saúde, estando já em desenvolvimento outros trabalhos que abordam a sida, o racismo e outros temas educacionais.

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