José Luís Nunes Martins
O medo domina a vida de muitas pessoas, negando-lhes a felicidade. Em vez de viverem, os dias passam por elas como o vento por uma casa abandonada.
Quem deseja ser apenas mais um desiste de ser quem é.
Deixam-se ficar quietos, suspendem as suas vidas, enquanto esperam que os desassossegos que lhe gritam no interior se calem. Procuram confundir-se com a multidão, como se não quisessem ser alguém, mas apenas… ninguém.
Ser diferente e ser único é uma fraqueza? Por que razão há cada vez menos pessoas capazes de fugir às modas, de ir onde só poucos arriscam ir, de ser alvo do escárnio dos seus semelhantes apenas por terem a coragem de serem quem são?
Estranho é que nos queiramos esconder da multidão que tememos, dentro da própria multidão. Ou seja, rendemo-nos ao todo, fundimo-nos aos daquela massa humana que faz aos outros o que não querem que ninguém lhes faça a eles.
Por temer ser uma presa inocente, faço de mim um predador raivoso cheio de certezas.
Que mundo é este onde tantos não assumem a capacidade de pensar por si mesmos e de levar por diante o que pensam e sonham?
Vencidos pelo medo, não vemos nada como é, mas como tememos que seja.
Cabe a cada um de nós enfrentar os seus medos a fim de não se entregar a uma vida cobarde.
No final, aqueles que tememos talvez nos temam ainda mais, porque nós ainda podemos ser aquilo de que eles já desistiram.