Homens do mar partilham a sua fé

O Apostolado do Mar realizou este fim de semana um retiro destinado a todos quantos se envolvem nesta realidade, “sejam eles pescadores, famílias ou comunidades piscatórias”, refere à Agência ECCLESIA o Padre Carlos Noronha, director da Obra Nacional do Apostolado do Mar (ONAM). Cerca de 500 pessoas participaram no encontro que tinha por objectivo “rezar a partir da Palavra de Deus”, refere o director, pois “existem outros momentos ao longo do ano para se reflectir nos problemas”. E adianta que estes encontros são simultaneamente muito importantes pois tratam-se de “encontros espirituais, onde todos se encontram para pôr em comum a reflexão”, afirma o Pe. Carlos Noronha. Ao longo do ano, o apostolado do mar, dividido em grupos reúne sobre as directrizes que estabelecem para o seu trabalho e “o retiro é ponto de encontro de todo o trabalho que se vai fazendo”. Este ano sob o lema “À tua palavra lançarei as redes”, os participantes pretenderam “reflectir, para posteriormente sermos nós a lançar as redes aos outros na comunidade a que pertencemos”. Este ano a ONAM pretende “enquadrar a rede como sinal da dimensão profética e como oportunidade de resposta à missão”, refere o director. “É a fé que nos salva”, regista Maria dos Santos, proveniente da Nazaré, local de pescadores. “Muitas vezes ficamos à espera dos que vêm do mar, mas já não voltam”, recorda. Enquanto se espera “reza-se”, regista. Entre pescadores e através de conversas, descobriu o Apostolado do Mar, e reconhece este espaço como muito importante. “O grande sentido deste encontro é manifestar a presença da Igreja junto destas pessoas que trabalham no mar, que vivem horas complicadas no seu trabalho, mas que são pessoas de muita fé”, assinala o director do ONAM. Os pescadores não são o único grupo laboral de risco mas têm na sua profissão uma grande incerteza, “pois se é certo que se sai com mar calmo e pode ter-se grandes dificuldades para regressar, porque a natureza é mesmo assim, apesar dos muitos estudos que se façam”. Talvez por isso as pessoas que trabalham no mar “tenham muita fé”, assinala o Pe Carlos Noronha. “Pode não ser uma fé contextualizada no templo e com uma expressão pública, mas com uma fé profunda”. António Silva, pescador de Setúbal, chegou ao Apostolado do Mar por conhecimento da família. Reconhece que estes encontros “são também uma forma de partilha dos receios e dos medos que enfrentam no mar”.

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