Livro recolhe histórias de sacerdotes norte-americanos nos atentados de há dois anos

O corpo inanimado do franciscano Mychal Judge, transportado pelos bombeiros entre as cinzas e os destroços do World Trade Center tornou-se uma das imagens mais marcantes dos ataques terroristas do 11 de Setembro de 2001. À medida que se recolheram todos os bocados do horror resultante dos ataques terroristas foi possível encontrar mais imagens de sacerdotes que, como o Pe. Judge, foram a correr para as torres gémeas para apoiar muitos homens e mulheres que tinham perdido entes queridos. Nos últimos dois anos o Pe. Edward Burns, director do Secretariado vocacional da Conferência Episcopal dos EUA (USCCB) coleccionou essas imagens e histórias à volta do “ground zero”, do Pentágono e de Shanksville e publica-as agora com o título “Nós estávamos lá… Padres católicos e a sua resposta”. De acordo com este responsável, muitas outras histórias estão por contar, mas era importante mostrar os relatos de 17 padres. “Do meu ponto de vista eles limitaram-se a fazer o que sabem: levar as pessoas até Deus e Deus até às pessoas”, explica o Pe. Burns. O livro inicia-se com o testemunho de Kevin Smith que revela ter ouvido muitas confissões e pedidos de bênção. “Estive nos destroços das torres gémeas lado a lado com polícia, médicos e bombeiros, a ajudar no que podia”, recorda. O Pe. Smith esteve longe de ser o único padre no local. Capelães dos bombeiros e párocos locais acorreram ao que mais tarde se designou “ground zero” para ajudar ou, simplesmente, ouvir. Nos dias seguintes celebraram missa no local dos ataques. O trabalho passou por apoio nas capelanias dos hospitais e no secretariado estatal de pessoas desaparecidas, em Nova Iorque. O Pe. Jeff Ethen, na altura de férias na cidade, conta que várias vezes teve de olhar as pessoas nos olhos e mandá-las para casa, abandonando a busca dos seus familiares: “a primeira vez que tive de fazer isso foi muito duro para mim e nuca ficou mais fácil à medida que os casos se multiplicavam”. Nem todo o trabalho se fez de palavras. Outro sacerdote recorda que, numa das morgues da cidade, perguntou a um bombeiro se queria falar do que estava a ver: “ele não estava com disposição para falar, de modo que virei um balde e fui sentar-me ao seu lado, em silêncio. Após um bom bocado ele foi retomar o seu trabalho e disse-me ‘muito obrigado, padre’”. Muitos dos padres concluem as suas histórias reconhecendo que não fizeram nada de extraordinário, limitando-se a cumprir a sua missão de padres num momento em que as pessoas mais precisavam deles. O livro não se destina à venda, mas para a distribuição em acções de pastoral vocacional nos EUA. Porém, os interessados podem encontrá-lo em http://www.usccb.org/vocations/wewerethere.htm

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