Outras razões para além da fé para votar Não

Dimensão cultural, ética, cívica e científica juntam-se à dimensão religiosa para dizer Não ao aborto As razões do Não vão para além das justificações de ordem religiosa manifesta Filipe Almeida, um dos responsáveis pelo Positivamente Não. Um movimento nascido na diocese do Porto, mas que se estendeu a todas as vigararias do país, e que encontra nas associações laicais o eco para fazer chegar às pessoas o esclarecimento necessário para as questões essenciais postas em referendo para o dia 11 de Fevereiro. No início oficial da campanha, Filipe Almeida sublinha que “a questão do referendo tem uma dimensão cultural, religiosa, ética, cívica e científica”, e que por isso entende que nenhuma destas dimensões pode ser excluída da reflexão que se impõe nesta altura. De qualquer forma “não é necessariamente por sermos católicos que a razão do nosso Não se fundamenta. Há outras razões para além da fé, nomeadamente científicas que são absolutamente válidas e consistentes para fundamentar o Não nesta questão”. “Há muitas razões que devem ser bem esclarecidas e elucidadas para que as pessoas entendam que quem não tem razões de uma dimensão religiosa tem seguramente outras que podem fundamentar o Não para votar no referendo”, esclarece. Este responsável manifesta que de estão a ser abordadas questões “de uma forma superficial e tidas como essenciais, quando as questões importantes se mantêm submersas”. O facto de se querer centrar o referendo no Código Penal “é errado”, sublinha Filipe Almeida, que considera ser “um aspecto importante mas secundário”. A questão essencial que é a mulher, o filho e da família, “estão a aparecer depois da questão penal, e põe a mulher como única interveniente, procurando ocultar a importância do filho. Isto é inaceitável”, frisa porque considera importante resolver “o problema da mulher mas esta não deve ser resolvida à custa de um sacrifício absoluto da vida do filho. Está-se a ignorar as causas e a necessidade de as combater”, sublinha. Filipe Almeida considera possível haver diferentes opiniões entre católicos. “Mas isso não invalida que tenhamos uma posição muito bem definida e consistente sobre o que é essencial na questão”, sublinha. Acima de tudo, pretendem que “as decisões que possam vir a ser tomadas não sejam por superficialidade”, por isso importa que cada um, “mesmo com posições diferentes o possa fazer na convicção que o está a fazer sobre a essencial da questão em cima da mesa”. Esta iniciativa que congrega várias associações e organismos laicais manifesta-se “de corpo inteiro na campanha, no sentido de esclarecer as questões essenciais no referendo”. Não pretendem tempo de antena nos meios de comunicação para “a conquista de votos com essa motivação”, mas apostam num esclarecimento local, com reuniões e encontros de forma próxima “para ajudar as pessoas a tirarem dúvidas sobre as questões centrais”, afirma Filipe Almeida. Com a campanha em andamento o Positivamente Não vai continuar a responder e a seguir o calendário que traçou inicialmente. Com uma “adesão enorme e através do empenhado das vigararias” o esclarecimento sereno vai continuar, Na próxima quinta feira, dia 1, o Positivamente Não planeia um debate em Fátima, “procurando tornar bem visível que existem outras razões para além da fé, não as excluindo nem negando”. Falando claro “proporcionamos uma reflexão para que as pessoas possam decidir por si e não veiculadas por chavões de correntes ideológicas”.

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