40 anos da Universidade Católica Portuguesa

Instituição de origem medieval, a Universidade foi, na Europa, matricialmente católica, mesmo quando fundada pelo poder real. Em termos de Universidade, e após a Reforma Pombalina, a Igreja foi sucessivamente limitada no exercício da sua actividade, de modo que, no fim do século XIX, o seu reduto estava limitado à Faculdade de Teologia da Universidade de Coimbra. Com a extinção desta, em 1911, e transformada em Faculdade de Letras, o seu corpo docente foi parcialmente admitido no quadro da nova Faculdade. Com um campo limitado, consta que no último quartel do século XIX, o Cardeal Neto expressara o projecto de instituir no Seminário de Santarém uma escola universitária mas tal não foi possível concretizar. No início do século XX, as organizações católicas começam a reflectir sobre a realidade do ensino em Portugal e a caminhar para a fundação da União Católica e para o Centro Católico Português. Este reúne, pela primeira vez, o Congresso Nacional – em Lisboa (1919) – para apresentar o seu projecto de acção onde o militante António Pereira Forjaz (Professor da Faculdade de Ciências de Lisboa) lança a ideia de se criar uma escola universitária de inspiração católica. A ideia ficou a germinar e no II Congresso – três anos mais tarde – o então Pe. Manuel Gonçalves Cerejeira apresentou uma proposta desenvolvida sobre a urgente criação desta instituição que o congressista designou por Instituto Católico Português. A hierarquia da Igreja ficou a pensar no projecto. Na Pastoral Colectiva de 1930, os bispos definiam o que seria esse instituto que visionavam como “um estabelecimento de alta cultura intelectual, que sirva para educar e formar um escol de mentalidade católica”. Pouco depois era criado no Patriarcado o Instituto Católico Português que, “não obstante a sua personalidade jurídica, não chegou a exercer alguma actividade sensível” (Laikos – Revista do Secretariado Nacional para o Apostolado dos Leigos -, Ano VII, Julho-Dezembro de 1984). Nascimento da UCP Passos mais longos foram dados na década de quarenta com o labor da Acção Católica Portuguesa (ACP). Nas Semanas Sociais realizadas naquela década do século anterior, a ACP estudou os problemas sociais de então e testou o seu “escol universitário”. E acrescenta: “O cardeal Cerejeira afirmou – em sentido real ou figurado – que aquelas semanas eram uma universidade católica, embora ainda por institucionalizar” (Laikos – Revista do Secretariado Nacional para o Apostolado dos Leigos -, Ano VII, Julho-Dezembro de 1984). De facto, ao nível institucional, apenas nascera, com exercício activo, o Instituto Beato Miguel de Carvalho, fundado em Braga (1934), pela Companhia de Jesus. A ideia nunca morreu e, em vários congressos e Semanas de Teologia, o assunto foi sempre debatido. A 29 de Junho de 1967 foi lançada – pelo Cardeal Cerejeira – a primeira pedra do futuro edifício universitário, em Lisboa, ainda que a primeira escola desta instituição viesse a ser a Faculdade de Filosofia de Braga, considerada a primeira realização da Universidade Católica Portuguesa (UCP) pelo decreto Lusitanorum Nobilíssima Gens (13 de Outubro de 1967). Este documento também previa a erecção da sede central em Lisboa – conforme exprime uma declaração da Comissão Episcopal para a Universidade Católica (1968) – e anunciou o início dos cursos da Faculdade de Teologia. Ao mesmo tempo, proviam-se os titulares dos principais cargos académicos (directivos, administrativos e docentes), “designando vice-reitor, com exercício de funções de reitor, o prof. Doutor Pe. José Patrocínio Bacelar e Oliveira (nomeação ratificada pela Sagrada Congregação da Educação Católica a 14 de Abril de 1969)” – Franco, A.L. de Sousa; “O Reconhecimento Oficial da Universidade Católica”, in Didaskalia, 1, 2 (1971) 367-398. Crescimento e afirmação A Universidade Católica Portuguesa, reconhecida oficialmente pelo Decreto-Lei nº 307/71, de 15 de Julho, é uma instituição criada ao abrigo do artigo XX da Concordata entre Portugal e a Santa Sé, de 7 de Maio de 1940. “A sua liberdade e autonomia resultam deste diploma” (Diário da República – 1ª Série – Nº 89 de 17 de Abril de 1990) Nasceu e cresceu… Apareceram vários centros: Centro Regional do Porto; Centro Regional da Beiras (pólos de Viseu e Figueira da Foz) e Centro Regional de Braga. Mais recentemente, em 1999, a Escola Superior de Biotecnologia do Centro Regional do Porto abriu uma extensão nas Caldas da Rainha e, em 2000, a Faculdade de Engenharia instalou-se num novo campus universitário no concelho de Sintra. Segundo o Reitor da instituição, Manuel Braga da Cruz, a Universidade Católica formou “dezenas de milhares de jovens que ocupam posições de grande relevo, tanto na vida nacional como na vida internacional”. Ao nível teológico “contribuímos para uma qualificação académica do clero” e, entre os membros deste, “está um Prémio Nobel da Paz: D. Carlos Ximenes Belo”. A UCP já “deu inúmeros académicos”. E finaliza: “o contributo dado para o desenvolvimento do país é enorme”.

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