Subsídios para o ano 2007 A Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos é celebrada, como é tradição, de 18 a 25 de Janeiro. O Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos elaborou um conjunto de textos com vista à celebração da Semana de Oração. Estes textos são apenas uma proposta podendo-se adaptá-los às realidades das diferentes comunidades cristãs. A adaptação deverá normalmente ser resultado de uma colaboração ecuménica, onde estas estruturas ecuménicas já existem e permitem este género de colaboração. Tema para 2007: “Ele faz ouvir os surdos e falar os mudos” (Mc 7,37) O tema da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos deste ano vem da experiência das comunidades cristãs da região de Umlazi, próxima de Durban, na África do Sul. Os textos foram preparados por um grupo local particular e depois adaptados para uso internacional. Eles reflectem as preocupações e a experiência de um povo marcado por um imenso sofrimento. Texto bíblico Marcos 7, 31 – 37 “Jesus saiu do território de Tiro e voltou para Sídon, em direcção ao mar da Galileia, atravessando o território da Decápole. Trazem-lhe um surdo, que falava com dificuldade, e lhe suplicam que lhe imponha a mão. Tomando-o à parte, longe da multidão, Jesus pôs os dedos nos ouvidos dele, cuspiu e tocou-lhe a língua. A seguir, erguendo o olhar para o céu, suspirou. E disse-lhe: ‘Effatá’, isto é: ‘Abre-te’. Logo se lhe abriram os ouvidos, a língua se lhe desatou e ele falava correctamente. Jesus recomendou-lhes que não falassem disso com ninguém: mas, quanto mais recomendava, tanto mais eles o proclamavam. Eles ficaram impressionados e diziam: Ele fez bem todas as coisas; faz os surdos ouvirem e os mudos falarem”. Celebração O esquema de celebração aqui proposto é uma adaptação do que foi preparado pelas Igrejas locais de Umlazi e que se dirigia particularmente aos jovens. Ele começa com um convite ao silêncio, e passa-se à Liturgia da Palavra. Desenvolvimento da celebração O texto que se segue é fruto da adaptação feita pelo Departamento da Comunicação e da Cultura do Patriarcado de Lisboa. Presidente: P Leitor: L Assembléia: A Acolhimento e Apresentação da Celebração P: Eis-nos aqui reunidos para escutar o que Deus quer nos dizer, através de sua Palavra e através de nossos irmãos e irmãs silenciosos em seus sofrimentos. Este ano, os cristãos da África do Sul, a partir de sua situação local particularmente crítica, sentiram a urgência de nos chamar a romper, em nome de Cristo, toda a forma de silêncio cúmplice, face a pessoas acabrunhadas pelos sofrimentos. Aqui reunidos, para esta celebração, escutemos o chamado do Senhor: – a tomarmos consciência de nossos silêncios culpáveis diante do sofrimento dos outros; – a orar para que a bênção de Deus desça sobre todos e em particular sobre aqueles e aquelas que participam no sofrimento salvífico de Cristo; – a reagir, elevando a voz por e com os sem voz, para que revelemos Cristo que “fez escutar os surdos e falar os mudos”. Hino/Canto Desde o início do hino ou do canto é aconselhado, para fazer a assembleia entrar no tempo de silêncio seguinte, trazer, por exemplo, uma grande cruz e colocá-la no chão. Quatro jovens trazem esta cruz, colocam-se em torno dela e oram em silêncio. O canto termina para dar lugar às palavras de introdução ao silêncio. (É possível também conduzir a assembléia ao silêncio por uma improvisação através do órgão). Introdução ao silêncio P. Façamos silêncio diante de Deus… façamos silêncio em nós mesmos… abramo-nos ao silêncio de nossos irmãos e irmãs vivendo no sofrimento: “Se um membro sofre, todos os membros participam do seu sofrimento” (1 Cor 12, 26). Escutemos o apelo de Cristo. Ele nos ensina a nos deixar tocar, como ele, pelo sofrimento do outro. Ele nos remete à nossa responsabilidade comum de cristãos de todas as denominações diante desses sofrimentos. Três minutos de silêncio Hino/Canto O mesmo canto que introduziu o silêncio é retomado, cada vez mais forte, entoado pelo solista, seguido por toda a assembléia. Oração P. Deus, tu que estás sentado em teu esplendor celeste, pela revelação de tua Palavra, Jesus Cristo, gerado do seio de teu silêncio e escondido ao príncipe deste mundo, tu rompeste o silêncio. Abre os nossos olhos para que possamos ver Jesus, luz que dissipa as trevas. Abre os nossos ouvidos para que possamos entender, ouvir as vozes envolvidas no silêncio de milhões daqueles e daquelas cuja voz é abafada pelas provas e pelos sofrimentos deste mundo efémero e passageiro. Aqui reunidos, nós rompemos o silêncio com as palavras da oração que Jesus nos ensinou: Pai Nosso (cada um na sua própria língua) A Palavra de Deus 1 Samuel 1,1–18. Ana, o excesso de aflição. (lido por quatro pessoas: narrador, Elcaná, Ana e Elias). Salmo 28,1–2; 6–9. Senhor, meu rochedo, não fiques surdo… (lido por uma pessoa jovem) 1 Coríntios 12,12–29. Se um membro sofre, todos os membros participam de seu sofrimento. Marcos 7,31–37. Cristo fez ouvir os surdos e falar os mudos. (algumas crianças e jovens presentes podem encenar Mc 7, 31 – 37. Esta cena da cura pode ser feita através de uma dança). Pregação Credo Fórmula do Credo em uso. Confissão dos pecados – Perdão – Saudação de paz P. Deus está sempre mais disposto a perdoar os nossos pecados do que nós em confessá-los. Apresentemo-nos, portanto, diante de Deus para confessar-lhe o peso de nossos pecados. Confiemos também ao Senhor o nosso sofrimento por ver a falta das Igrejas, ainda insuficientemente unidas para ajudar os fracos, os pequenos e os sem voz. “Porque eu tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; eu era estrangeiro e me acolhestes; estava nu, e me vestistes; doente, e me visitastes; na prisão e viestes a mim” (Mt 25, 35–36) Algumas pessoas podem trazer, sucessivamente, alguns objectos, imagens, desenhos ou fotografias evocando situações em que membros de comunidades cristãs locais permaneceram calados, na indiferença ou não conseguiram falar a uma só voz e agir juntas, por exemplo, nos casos de mulheres que apanham, crianças maltratadas, órfãos da Sida, etc. (Como salientou em seu próprio contexto o grupo ecuménico da África do Sul que propôs o tema da oração deste ano). • Cada pessoa se aproxima em silêncio e deposita, sucessivamente, diante da assembleia (ou ao pé da cruz trazida precedentemente) os objectos, (as imagens ou as fotografias). • Interrompendo o longo tempo de silêncio, uma dessas pessoas partilha em voz alta uma situação de sofrimento causada pelo pecado. • Depois uma outra pessoa diz em voz alta: “Senhor, nós não te vimos no sofrimento de nossos irmãos e de nossas irmãs”. P. Deus de misericórdia, em teu Filho tu nos ofereces o perdão sem condições para os pecados que nós confessamos com sinceridade. Concede-nos teu perdão pelos pecados manifestos a nossos olhos, como por aqueles que não temos a coragem de reconhecer. Quando, por nossos actos, nós nos afastamos de tua vontade; Quando, desinteressando-nos pelos outros, nós os levamos a perder a esperança; Quando pela indiferença em relação à tua lei e por fraqueza, nós não respondemos ao que esperavas de nós pessoalmente e de nossas comunidades. Nós te pedimos, Senhor, vem ao nosso encontro em tua misericórdia, para curar nossas vidas feridas e apressar a hora da plena comunhão entre nós, em nome do amor de Jesus Cristo. Ámen. P. Nós acabamos de acolher o perdão de nossos pecados, que nos dá a paz, demo-nos uns aos outros esta paz do Cristo. P. A paz de Cristo esteja sempre convosco. A. E contigo também. Música enquanto os membros da assembleia se cumprimentam mutuamente com o sinal da paz. Intercessão P. Deus da graça, nosso Criador, Deus de misericórdia, nosso Redentor, Deus compassivo, nosso socorro, tu que sabes do que nós necessitamos, antes mesmo que nós o peçamos, nós te louvamos pela tua criação, pela redenção e por tua incessante solicitude. Cura-nos a nós mesmos, cura nossas Igrejas de sua surdez, que nós percebamos mais claramente, juntos, o som de tua voz no silêncio dos pobres e dos sofredores. Nós te pedimos por tua Igreja, ainda dividida, espalhada pelo mundo com a missão de anunciar o Cristo, Luz das nações. Desperta em nós o desejo de trabalhar incansavelmente pela unidade dos cristãos que te é querida, e que nada venha sufocar nossa procura por esta unidade pela qual Jesus orou. L 1. Deus nosso criador, tu nos criaste para ti, em teu amor, e nosso coração não repousará enquanto em ti não repousar. A. Dá-nos a segurança de que nada nos separará de teu amor. L 2. Deus nosso pastor, tu nos chamaste das trevas à tua admirável luz. Faz-nos brilhar como filhos da luz. A. Brilhe, ó Senhor, brilhe em nossas vidas! L 3. Deus nosso Pai, tu que cuidas infinitamente de cada um de nós, torna-nos atentos às necessidades dos outros. A. Ensina-nos na tua bondade a tomar os outros em nossos braços como tu mesmo nos tomaste em teus braços, em Jesus Cristo e fortalece nosso testemunho comum de cristãos em favor da justiça, da caridade fraterna e do perdão. L 4. Jesus, Palavra do Pai, tu que te empenhaste em quebrar todas as formas de silêncio culposo. A. Dá-nos a coragem de ajudar todos aqueles e aquelas que, em nossas comunidades aqui reunidas, fazem ouvir, em teu nome, a voz dos sem voz. Que um real ecumenismo alivie o desespero e a solidão lá onde impera a morte precoce. L 5. Jesus, amigo dos pobres e dos estrangeiros, tu estendeste a mão atraindo para tua graça e salvação todos aqueles que estavam distantes. A. Dá a todos aqueles que se sentem estrangeiros a graça de encontrar a consolação e perceber tua força em nossas comunidades de fé. L 6. Jesus, enviado do Pai, tu chamaste teus discípulos a serem mensageiros unidos no anúncio do Evangelho e instrumentos de transformação deste mundo. A. Faz com que a perspectiva de um mundo transformado envolva a imaginação de todos os crentes. L 7. Espírito Santo, que és Vida, impulsiona-nos a viver continuamente da tua força vivificante. A. Por tua presença entre nós, dá força àqueles que a não a têm e ajuda-nos a dar a palavra àqueles que dela estão privados. L 8. Espírito Santo, tu que és o vínculo de unidade, dá aos dirigentes de nossas comunidades de fé um zelo inabalável, em seus esforços, na construção da unidade. A. Escuta nossas orações, abre novos caminhos de unidade para a tua Igreja. L 9. Espírito Santo, tu que nos conduzes à inteira verdade e endireitas o que está desviado, inspira todos aqueles e aquelas que exercem funções de Governo. A. Dá-lhes uma vontade firme para cuidar das necessidades dos pobres, dos pequenos e dos fracos sem voz, como prioridade; protege-os de toda tentação, a fim de que sua integridade moral seja preservada da corrupção. L 10. Deus, Pai, Filho e Espírito Santo, Tu que és Um em três pessoas, permanece connosco para derrubar os muros que nos separam e unir-nos em Cristo por meio do Espírito. P. Deus de amor, tu que vês tudo, que és rico em misericórdia, onde a bondade supera toda a medida, tu que rompes o silêncio, tu que te aproximaste de nós antes que nos aproximássemos de Ti, demonstrando assim teu amor por nós, em Jesus Cristo, teu único Filho, nascido da Virgem Maria, nós elevamos a ti as nossas orações. Permanece connosco, Senhor e com toda a humanidade, dirige o teu olhar benevolente sobre as nossas Igrejas que chamas a manifestar juntas, todos os dias, o amor misericordioso e compassivo de teu Filho Jesus Cristo, Deus connosco pelos séculos dos séculos. A. Ámen Canto Escolher de preferência o Magnificat ou o canto das bem-aventuranças em razão do tema: Deus exalta e cumula de bênçãos os humildes e os sem voz. Tempo de partilha, de bênçãos e de consolação Podem tomar-se, neste momento, testemunhos de pessoas ou de grupos, particularmente ecuménicos, engajados em acções de solidariedade tais como a luta contra a epidemia da Sida, a violência às mulheres e às crianças, a má nutrição, etc. P. “Em verdade eu vos declaro, todas as vezes que o fizestes a um destes pequeninos, que são meus irmãos, foi a mim que o fizestes” (Mt 25, 40). “Vinde a mim, todos vós que estais cansados sob o peso do fardo, e eu vos darei descanso” (Mt 11, 28). Queridos amigos, estas palavras de Cristo dirigem-se a cada um e a cada uma. Com efeito, no coração de nossos compromissos, inclusive os ecuménicos, assim como no sofrimento da doença, da solidão e do desânimo de muitos dentre nós, Cristo faz-se próximo. Ele nos sustenta na fraqueza. Ele é para nós consolação e bênção. Bendito sejas Senhor nosso Deus pelo amor que tu nos manifestaste, em Jesus Cristo, nosso Senhor. No silêncio da desesperança e da solidão, Da doença e da morte, Cumula-nos das riquezas de tua bênção. Que mais firme seja nossa fidelidade a te servir em nossos irmãos e nossas irmãs; Que mais profunda seja a nossa alegria de cumprir a tua vontade. Nós te bendizemos e te glorificamos, Porque tu escutas o silêncio de nossos corações; Tu agiste em nós com força curando-nos e permitindo-nos falar em nome de Jesus, teu Filho. Envia-nos ao mundo para realizar tua obra E para derrubar os muros do silêncio que separam os grupos humanos. Ámen. Bênção final P. A graça de Jesus Cristo nosso Senhor, o amor de Deus Pai e a comunhão do Espírito Santo estejam sempre convosco. A. Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo. Nota: Indicação de textos da Escritura para cada dia da Semana da Unidade 1º Dia – No início era a Palavra “E Deus disse…” (Gn 1) Gn 1,2–2,4: Por sua palavra, Deus criou o universo Sl 104,1–9: O Senhor ordena toda a criação Ap 21,1–5a: Deus faz todas as coisas novas Jo 1,1–5: No início era a Palavra 2º Dia – A palavra de Cristo nos salva “Ele faz os surdos ouvirem e os mudos falarem” (Mc 7,31–37) Is 50,4–5: O Senhor me deu uma língua … para que eu saiba acudir ao enfraquecido Sl 34 (33),1–16: Bendirei o Senhor em todo tempo Col 1,11–20: Jesus é a imagem do Deus invisível Mc 7,31–37: Jesus faz os surdos escutarem e os mudos falarem 3° Dia – O Espírito Santo nos dá a Palavra “O Espírito da verdade, que procede do Pai, ele próprio dará testemunho de mim” (Jo 15, 26) Jl 3,1-2: Eu derramarei meu Espírito sobre toda carne Sl 104 (103): Tu renovas a face da terra 1Cor 12,1- 4, 12-13: Ninguém pode dizer “Jesus é o Senhor” se não pelo Espírito Santo Jo 15,26-27; 16,12-13: O Espírito da verdade dará testemunho de mim 4° Dia – O silêncio dos esquecidos e os gritos daqueles que sofrem “Se um membro sofre, todos os membros participam de seu sofrimento” (1 Cor 12, 26) Ex 3,7–10: Deus ouviu o grito dos oprimidos Sl 28 (27),1–8: Senhor, não permaneça mudo 1 Co 12,19–26: Muitos membros, mas um só corpo em Cristo Mc 15,33–41: Jesus grita com uma voz forte: Meu Deus, meu Deus, por que me abandonastes? 5º Dia – Deus julga nosso silêncio “Cada vez que não o fizestes a um destes pequeninos” (Mt 25, 45) Mq 6,6–8: O que o Senhor exige de ti? Sl 31(30),1–5: Deus refúgio e fiel redentor 1 Pe 4,17: O julgamento começa pela casa de Deus Mt 25,31–46 (41–46): Cada vez que não o fizestes a um destes mais pequenos, a mim também não o fizestes 6º Dia – Reencontrar a força de falar “Então a mulher, temerosa e a tremer… lhe disse toda a verdade” (Mc 5, 33) Jz 6,11–16: Eu estarei contigo Sl 50(49), 1–15: Chama-me At 5,26–32: Obedecer a Deus Mc 5,24–34: Dizer toda a verdade 7º Dia – Abandono “Minha salvação fica longe” (Sl 22, 1) Is 53, 1-5: Nossos sofrimentos carregou, nossas dores suportou Sl 22, 1-5: Abandono Rm 8, 35-36: Quem nos separará do amor de Cristo? Mt 27, 57-61: O amor colocado no túmulo 8º Dia – Ressurreição – glorificação “E toda língua confesse que Jesus Cristo é o Senhor” (Fil 2, 11) Ez 37,1–14: Eu vos farei sair de vossos sepulcros Sl 150: Que tudo que respira louve o Senhor Rm 8,31–39: Jesus Cristo morreu, muito mais, ele ressuscitou,… ele intercede por nós! Lc 24,44–52: Os Apóstolos estavam sem cessar no Templo, bendizendo a Deus