“Scoop” – Woody Allen em Versão Inglesa

Depois de adquirir uma notável fama na sua carreira no cinema americano, como actor e realizador, Woody Allen parece ter adoptado Londres de forma definitiva como local de trabalho. Depois de “Matchpoint”, com que atingiu um enorme sucesso, realizou agora “Scoop”, com muitos pontos de contacto com o filme anterior, ao mesmo tempo que repesca alguma coisa do seu tempo de vida cinematográfica nos Estados Unidos. “Scoop” conta de novo com Woody Allen como actor, com as suas frases filosóficas, utópicas e com um evidente sentido crítico, mas sempre com um humor inteligente, de bom resultado. Neste caso surgem como complemento, uma vez que os principais papéis, e portanto os acontecimentos centrais do argumento, estão a cargo da relação entre a aspirante a jornalista Sondra Pransky e o bem abastado Hugh Jackman, com papéis a cargo de Scarlett Johansson e Hugh Jackman. O tema, tratado sob uma vertente humorística, tem uma forte componente policial em que não se procura o suspense mas antes o desmontar dos processos habituais em filmes deste género. Cruzam-se as informações e as suspeitas, constroem-se pistas, montam-se e desmontam-se amores. O crime está sempre potencialmente presente, mas ao mesmo tempo visivelmente inviável e rapidamente sujeito a castigo. De “Scoop” tira-se uma boa análise da comparação de culturas e costumes entre americanos e ingleses, sobretudo em função do comportamento do ilusionista Sid Waterman (Woody Allen). Se, já na América, o actor era um inadaptado em relação à sociedade, por mais forte razão se sente agora numa posição pouco confortável, capaz de criar momentos hilariantes. Sobretudo a condução pela esquerda, pelo lado errado, é algo que lhe faz muita confusão. Aos 71 anos Woody Allen continua em plena forma e continuará com a sua fase inglesa, deixando para trás a Nova Iorque que acarinhou ao longo de tantos e tantos anos. Francisco Perestrello

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