O contributo da Escola Católica na educação

Um espaço educativo que promove os valores espirituais A Escola Católica é, por essência, lugar (espaço-tempo) de personalização. Personalização e não, apenas, socialização ou formação para a cidadania. O primado cabe, efectivamente, à Pessoa – síntese dialéctica que realiza, na sua unidade incindível, a unicidade do indivíduo, a generalidade do sócio, a comunidade do cidadão, a universalidade do Homem. Esta postura personalista resulta, efectivamente, do cristianismo. Mais: vem directamente de Jesus, tal como o Evangelho no-Lo mostra e no-Lo dá a conhecer. Personalização plena traduzida de forma concreta e radical no supremo mandamento: Amarás… A estratégia educativa e pedagógica da Escola Católica é a de ambientar a educação, o ensino e a aprendizagem de tal modo que os respectivos agentes alcancem uma convicção e uma concepção e avaliação do mundo e da vida coerente com a fé em Jesus Cristo; ou seja, conduzam à descoberta, por um caminho livre e pessoal, ainda que comunitário, de que a adesão a Jesus Cristo e à Sua obra redentora constitui a suprema dignificação da pessoa humana. Pessoa que, para utilizar a linguagem kantiana, pertence ao reino dos fins; que é fim em relação a tudo e não é meio para nada; que é, portanto, sagrada, instrumentalizável. Hoje, mais do que ontem, à escola é cometida uma responsabilidade educativa cada vez maior e em campos cada vez mais vastos. A ela compete encontrar muitas das respostas aos desafios postos a uma humanidade cada vez mais ávida de sucesso. Mas, nós, cristãos, sabemos, desde Jesus Cristo, que o verdadeiro sucesso exige ser configurado pelo sentido. Se somos o sal da terra e a luz do mundo, a nós compete temperar o sucesso e iluminar o sentido: pela promoção dos valores espirituais; iluminando com a fé a ciência e o saber em geral; estruturando hierarquicamente os saberes e os valores; integrando o saber científico-tecnológico num saber cultural mais vasto e mais abrangente, e todos os saberes humanos num saber mais elevado – o saber de salvação; subsumindo o tempo na eternidade; promovendo o homem-pessoa (imagem de Deus) em recusa do homem-massa; rejeitando todas as formas de reificação do humano; defendendo o primado da fraternidade e do amor sobre a competitividade e o interesse. Não se trata de hipotecar a razão à fé, mas de ampliar os horizontes da razão. Em termos de escola, só a Escola Católica poderá levar avante um programa desta natureza. A Escola Laica, por maior qualidade educativa que tenha, por mais empenhados e comprometidos pedagogicamente que sejam os seus agentes, ficará, necessariamente e por natureza, sempre aquém, a meio caminho. Não é possível educar cristãmente sem ajudar os alunos a adquirir um conhecimento objectivo, científico, do mundo e da vida. Mas, também não é possível educar cristãmente apenas à base de conhecimentos científicos, sem ajudar a descobrir, em Jesus Cristo, o sentido do homem que é chamado, porque imagem e filho de Deus, a dar um sentido ao próprio mundo, enquanto interacção e expressão de todas as realidades científicas, técnicas, sociais, culturais, etc.. A Escola Católica, que o é autenticamente, é o lugar/ambiente onde o “homem espiritual” não será abafado pelo “homem erudito” e, muito menos, pelo “homem técnico”. Acrescentemos, porém, que a Escola Católica só tem sentido e eficácia apostólica se integrada na missão da Igreja. Uma escola isolada, debruçada sobre si mesma, como que recebendo dela própria a sua razão de ser e os seus meios de acção, perderia o seu sentido e reduziria drasticamente a eficácia das suas estratégias educativas. Por isso, é em plena comunhão com as Igrejas locais, com a Igreja Universal, em colaboração e articulação de esforços entre as várias escolas e os diversos sectores pastorais, que a Escola Católica poderá levar a cabo a sua missão específica e inalienável. Acácio Lopes, Ass. Portuguesa das Escolas Católicas

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top