Bispo quer Eucaristia centrada no “culto de vivos”

O Bispo de Viana do Castelo, D. José Pedreira, faz um balanço positivo do acolhimento na Diocese dos documentos do Concílio Vaticano II, particularmente no que toca à liturgia, embora lamente que ainda não se tenha dado o «salto» para a celebração eucarística como culto de vivos e não na situação redutora de culto dos mortos. O prelado falava no encerramento de uma jornada de formação para o clero do Alto Minho, que reuniu no Seminário cerca de meia centena de presbíteros, reflectindo sob a orientação do liturgista Joaquim Augusto Nunes Ganhão, que abordou a Instrução Geral do Missal Romano. Para o Bispo de Viana do Castelo, o documento sobre a liturgia, apesar de ser «um dos que melhor entrou nas nossas comunidades», ainda não promoveu a mudança que permita uma nova «valorização» da Eucaristia nas festas e romarias, que continua a ser mais um “número” do cartaz. Os «passos dados na liturgia» nesta Diocese contam com um enorme impulso dos “Cursos de Liturgia” anualmente realizados e que costumam juntar, ao longo de vários dias, centenas de pessoas, mas mesmo assim «ainda continuamos longe da perfeição», disse ontem o prelado, que lamenta que a profundidade da mudança tenha chegado com a mesma intensidade a todas as zonas da diocese e comunidades cristãs. Ao longo da Jornada, Joaquim Augusto Nunes Ganhão foi apresentando o mais relevante de cada uma das problemáticas abordadas: “Liturgia da Palavra”, “Liturgia Eucarística” e o “Culto eucarístico fora da Missa”, procurando responder às «inquietações práticas dos padres». Percorrendo a Instrução Geral do Missal Romano, o pároco da Sé de Santarém procurou chamar a atenção para a necessidade de descobrir «a alma da celebração », a fim de que se possa fazer uma mais aprofundada formação das comunidades para terminar com as «assembleias mudas» que continuam a existir. Assinalando que os ritos iniciais de uma celebração «marcam o ritmo e a qualidade » celebrativa, aquele sacerdote advertiu para o «perigo da rotina no modo de celebrar e nos gestos da celebração» e para a necessidade de a comunidade participar «consciente, plena e activa de corpo e espírito». Alertou ainda para os tempos de silêncio na celebração da “Ceia do Senhor”, referindo que se trata de uma questão de «qualidade» e não tanto de uma questão de «quantidade» e muito menos avaliar a devoção do sacerdote pelo tempo de «silêncio durante a acção de graças» como, por vezes, ainda se vai avaliando por aí. Procurou ainda consciencializar os participantes para a necessidade de um «equilíbrio » da celebração eucarística, não gastando muito tempo na Liturgia da Palavra e depois acelerar o passo quando se passa à narrativa da Paixão. Uma das problemáticas abordadas no que toca à Liturgia da Palavra prendeu-se com o “ambão”, chamando- lhe «ícone do anúncio e testemunho da ressurreição », uma vez que «herdamos igrejas sem ambão, mas com púlpitos». «A dignidade da Palavra » requer igual espaço apropriado para o qual convirja toda a assembleia», sublinhou o conferencista. Assinalando que no «novo Missal» não se fala de “ofertório”, mas de “apresentação dos dons”, o padre Joaquim Ganhão chamou a atenção para os «ofertórios etnográficos» onde aparece de tudo mas, algumas vezes, o essencial passa despercebido. É importante fazer entender às pessoas que elas próprias se devem oferecer e não apenas a hóstia imaculada, referiu. Abordando a sempre problemática «criatividade» nas celebrações eucarísticas, o sacerdote foi peremptório em afirmar que a «oração eucarística é um texto intocável». Esta acção de formação terminou com uma abordagem à génese do culto eucarístico fora da Missa, para frisar que «o grande culto eucarístico é a celebração da Eucaristia», na qual «consagramos o pão e o vinho para o comermos.

Partilhar:
plugins premium WordPress
Scroll to Top