A Irmã Alice da Conceição Pires Roseiro, das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, deixa, no dia 4 de Janeiro, a Guarda, depois de seis anos à frente da Casa de Saúde Bento Menni. A mudança para Casa de Saúde Rainha Santa Isabel em Condeixa-a-Nova, é encarada de forma natural, e até já podia ter acontecido antes. “De três em três anos é normal, aliás faz parte da estrutura da Congregação, mudanças das animadoras das comunidades, podendo alguma permanecer por mais três anos. Foi o caso” explica a Irmã Alice Roseiro. Nascida a 9 de Fevereiro de 1943, em Luanda-Angola, a Irmã Alice Roseiro entrou na Congregação a 24 de Abril de 1965. Desde esa altura, e antes de chegar à Guarda passou pela Casa de Saúde Nossa Senhora do Sagrado Coração de Jesus em Idanha-Belas (de 1965 a 1968); Clínica Psiquiátrica de S. José em Lisboa (de 1968 a 1973); Casa de Saúde Rainha Santa Isabel em Condeixa (de 1973 a 1974); Casa de Saúde de Vila Luísa-Marraquene-Moçambique (de 1974 a 1976); Casa de Saúde de Benfica – Maputo – Moçambique (de 1976 a 1978); Casa de Saúde da Idanha.de 1978 a 2000). Questionada sobre o que mais a marcou na passagem pela Guarda refere: “gostei e gosto de muitas coisas na Guarda, mas como me pergunta o “mais” direi que a forma admirável como as gentes desta região vivem a ligação ao que nos transcende… estão sempre voltados para horizontes mais além, não sei se pela força da altitude purificadora, pela fidelidade que lhes está na essência ou se, por razões de constituição da própria natureza que de simples e agreste se torna formosa, lhes é fácil sentirem a presença de Deus que gosta de habitar na montanha”. Sempre bem disposta e com um sorriso impar torna-se humilde ao fazer o balanço do trabalho realizado na Guarda, ao dizer que “não deixo «obra». O que fizemos não o fizemos sós, ou seja, tudo o que foi feito na Casa de Saúde durante os seis anos, todas as dinâmicas especialmente as que vão de encontro à nova visão do mundo da saúde mental, foram projectadas e assumidas pela equipa multidisciplinar que, sem sombra de dúvida, continuará a operacionalizar todos os dias a Hospitalidade. Temos um modelo de cuidados de saúde pelo qual todos nos regemos em qualquer parte do mundo onde existam centros da Congregação e que passa por uma filosofia apoiada em valores bem definidos que nos levam a gerar uma cultura de amorização dos espaços por onde andamos”. Sobre o que gostaria de ter feito e não fez na Guarda, a Irmã Alice Roseiro explica: “Nem sei bem… se não foi feito, alguém o fará, os sonhos foram depositados no coração e na mente dos que percorreram comigo estes seis anos… não posso, não quero e não devo pensar outra coisa. Há objectivos a cumprir que não se alteram: a defesa dos direitos das pessoas em sofrimento, o respeito absoluto pela sua dignidade, a aceitação incondicional das suas diferenças que bem acolhidas podem ser de grande riqueza no campo da humanização pessoal, das comunidades e até das sociedades. Tudo vai continuar porque pobres sempre os teremos connosco e nós estamos para os mais pobres dos pobres aqueles nem a si se pertencem”. Quando questionada sobre a importância actual do trabalho desenvolvido pelas Irmãs Hospitaleiras, a Irmã Alice Roseira esclarece: “Não devo ser eu a responder a esta questão. Na resposta anterior já tem alguns dados para chegar a alguma conclusão, mas seria interessante auscultar outras pessoas, talvez os familiares das pessoas a quem cuidamos. Devo recordar que hoje, quando se fala do trabalho desenvolvido pela Irmãs Hospitaleiras, se está a falar do trabalho desenvolvidos por umas poucas religiosas que formam as comunidades ligadas aos centros e por dezenas de outras pessoas, colaboradores de diferentes áreas profissionais, voluntários, benfeitores, fornecedores de serviços de apoio, enfim uma grande comunidade hospitaleira a que gostamos de chamar Família”. A nova Superiora da Casa de Saúde Bento Menni é a Irmã Lúcia Reduto, natural do concelho do Sabugal, que chega à Guarda no dia 9 de Janeiro.