Nem sempre a crítica leva muito a sério a comédia, mas esta, quando realizada de forma a atingir os seus objectivos, é tão digna de apreciação como qualquer outro género cinematográfico. É uma forma de cinema que tem mesmo servido para uma construtiva crítica social. “À Noite no Museu” não tem ambições desta natureza. Partindo de um fait divers em si mesmo pouco significativo, encontra o caminho exacto para obter, de forma paralela, um sentido de humor muito eficiente e são, e uma certa capacidade informativa sobre a História dos Estados Unidos, tirando partido de tudo se passar no interior do Museu de História Natural. À partida seria de desconfiar, quando a entrega do principal papel foi feita a Ben Stiller, que em geral se excede nos seus trejeitos e expressões. Mas o experiente realizador Shawn Levy conseguiu dominar totalmente a situação, aproveitando as facetas positivas do actor e complementando-as com as de outros eficientes artistas, como Robin Williams e Patrick Gallagher ou, mais ainda, dos três veteranos Dick Van Dyke, Mickey Rooney e Bill Cobbs. Com todos estes valores entre mãos Shawn Levy faz desfilar as figuras do museu, que à noite tomam vida, revelando alguns pormenores da sua história, mesmo sem ir muito longe nesta vertente. O objectivo é claramente divertir o espectador, pelo que se evitam quaisquer vias mais didácticas ou de aprofundamento dos elementos descritos. Mas divertir é também, ou sobretudo, uma função do cinema, pelo que o recurso a situações insólitas, em que se misturam dinossauros com o Presidente Theodore Roosevelt, ou a colonização do Oeste americano com a expansão do Império Romano, é o prato principal desta refeição de humor a que ninguém vai ficar indiferente. E, como rir é saudável, “À Noite no Museu” é uma oportunidade para esquecer as agruras da vida, passar hora e meia de divertimento inteligente. (Crítica mais detalhada em www.cinedoc.pt) Francisco Perestrello