Taizé, uma história de sucesso

Pela 29ª vez, a Comunidade ecuménica reúne no final do ano milhares de jovens cristãos de toda a Europa. Conheça as raízes deste fascínio que não desaparece com o tempo Uma vida em comunidade Tudo começou em 1940, quando o irmão Roger, com 25 anos de idade, deixou o seu país de origem, a Suíça, para ir viver em França, país de sua mãe. Quando era mais novo, tinha estado imobilizado durante vários anos devido a uma tuberculose pulmonar. Durante esta longa doença, tinha amadurecido em si o chamamento para criar uma comunidade onde a simplicidade e a bondade do coração seriam vividas como realidades essenciais do Evangelho. No momento em que começou a Segunda Guerra mundial, teve a certeza de que, tal como a sua avó tinha feito durante a Primeira Guerra mundial, deveria vir imediatamente em ajuda daqueles que atravessavam a dura provação da guerra. A pequena aldeia de Taizé, onde se fixou, ficava muito próxima da linha de demarcação que cortava a França em duas partes: estava bem situado para acolher refugiados fugidos da guerra. Amigos de Lyon ficaram reconhecidos por poderem indicar a aldeia de Taizé aos que tinham necessidade de refúgio. Em Taizé, por um módico preço, o irmão Roger tinha comprado uma casa, abandonada desde à muitos anos, com as suas dependências. Pediu a uma das suas irmãs, Geneviève, para vir ajudar no acolhimento. Entre os refugiados a quem deram abrigo, havia também judeus. Os meios materiais eram pobres. Sem água corrente, iam buscar água potável ao poço da aldeia. A comida era modesta, em particular as sopas feitas com farinha de trigo comprada num moinho vizinho a baixo preço. Por respeito para com aqueles que acolhiam, o irmão Roger rezava sozinho. Frequentemente ia cantar para longe de casa, no bosque. Para que alguns dos refugiados, judeus ou agnósticos, não ficassem constrangidos, Geneviève explicava a todos que era melhor que, quem quisesse, rezasse sozinho no seu quarto. Os pais do irmão Roger, sabendo que o seu filho e a irmã se estavam a expor, pediram a um amigo da família, um oficial francês reformado, para olhar por eles, o que ele fez com diligência. No Outono de 1942, ele avisou-os de que tinham sido descobertos e de que todos deveriam partir sem demora. O irmão Roger pôde voltar em 1944: nessa altura, não voltou sozinho; alguns irmão tinha-se entretanto reunido a ele e, em conjunto, tinham começado uma vida comum que continuou assim em Taizé. Uma «parábola de comunidade» Em 1945, um jovem da região fundou uma associação para cuidar das crianças que a guerra tinha deixado sem família. Propôs aos irmãos acolherem alguns em Taizé. Uma comunidade de homens não podia receber crianças. Então o irmão Roger pediu a sua irmã Geneviève para voltar a Taizé para se ocupar delas e tornar-se sua mãe. Aos domingos, os irmãos acolhiam também os prisioneiros de guerra alemães, internados num campo próximo de Taizé. Aos poucos, alguns jovens vieram juntar-se aos primeiros irmãos, e, no dia de Páscoa de 1949, comprometeram-se em conjunto numa vida de celibato, comunitária, de uma grande simplicidade, para toda a vida. Hoje, a comunidade de Taizé reúne uma centena de irmãos, católicos e de diversas origens evangélicas, vindos de mais de vinco cinco países. Através da sua própria existência, a comunidade procura ser um sinal concreto de reconciliação entre os cristãos divididos e os povos separados. Os irmãos ganham a sua vida pelo próprio trabalho. Não aceitam qualquer donativo. Nesse mesmo sentido, se um irmão recebe uma herança familiar, a comunidade oferece-a aos mais pobres. Ainda nos anos 50, alguns irmãos foram viver para lugares desfavoráveis do mundo, para serem aí testemunhas de paz, para estarem ao lado dos que sofrem. Hoje, em pequenas fraternidades, os irmãos vivem em bairros degradados na Ásia, na África, na América latina. Procuram partilhar as condições de vida dos que os rodeiam, esforçando-se por serem uma presença de amor junto dos mais pobres, dos meninos de rua, dos prisioneiros, dos moribundos, dos que estão interiormente feridos por rupturas afectivas ou pelo abandono. Pessoas responsáveis na Igreja também vêm a Taizé. A comunidade acolheu assim o Papa João Paulo II, três bispos de Cantuária, metropolitas ortodoxos, os catorze bispos luteranos da Suécia e numerosos pastores do mundo inteiro. Através dos anos, o número de visitantes que vem a Taizé continuou a crescer. Desde o final dos anos 50, começaram a chegar jovens em número cada vez maior. Em 1966, as irmãs de Santo André, uma comunidade católica internacional fundada há mais de sete séculos, vieram habitar para a aldeia vizinha e começaram a assumir uma parte das tarefas do acolhimento. Estas irmãs tem sido por vezes ajudadas por irmãs de outras comunidades. Muito mais tarde, algumas irmãs Ursulinas polacas vieram também ajudar no acolhimento dos jovens. A partir de 1962, irmãos e jovens, enviados por Taizé, não cessaram de ir, na maior discrição, aos países da Europa de Leste, para estarem próximos dos que estavam presos dentro das suas próprias fronteiras. Agora que os muros caíram e que as viagens se tornaram mais fáceis entre a Europa de Leste e a Ocidental, os contactos com os cristãos do Oriente, que tinham sido sempre importantes, cresceram significativamente. O irmão Roger faleceu no dia 16 de Agosto de 2005, com 90 anos, morto durante a oração da noite. O irmão Alois, que o irmão Roger tinha escolhido para seu sucessor, é agora o prior da Comunidade.

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