Psiquiatra Rui Albuquerque sublinha necessidade de apoiar cuidadores informais
Cascais, 07 out 2021 (Ecclesia) – A Unidade de Saúde da Parede (Cascais), com foco na saúde mental, das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus, vive um “momento de viragem” e quer abrir-se à comunidade na “prestação de cuidados ligados ao envelhecimento e bem-estar”.
“No sentido de prevenir problemas do envelhecimento, detetar precocemente problemas que posam levar a um envelhecimento não tão saudável”, disse o diretor clínico à Agência ECCLESIA.
Nos últimos 30 anos, explica Rui Albuquerque, a realidade da Unidade de Saúde da Parede tem sido a prestação e cuidados em internamento a pessoas com demência, “com incapacidades que resultam da doença mental”, mas este momento “é de viragem” e querem abrir-se à comunidade “na prestação de cuidados ligados ao envelhecimento e bem-estar”.
“Estamos a apostar em exames complementares de diagnóstico ao nível do sono, com a criação de um laboratório do sono, apostar em exames complementares para rastrear, avaliar as funções cognitivas das pessoas, nomeadamente avaliação neuropsicologica”, desenvolveu o psiquiatra.
Segundo o diretor clínico da unidade de saúde das Irmãs Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus na Parede, a pandemia pôs em evidência a necessidade de “reforçar a prestação de cuidados essencialmente aos cuidadores”.
Segundo o responsável, quem estava com pessoas doentes em casa sentiu “um agravamento do seu estado mental”, por isso, têm em curso a criação de um “programa de descanso do cuidador”.
“As pessoas com patologia mental poderão fazer um internamento de curta duração para poderem regressar ao seu domicílio e quem cuida, o cuidador informal, estar mais apto, mais descansado, mais capacitado para prestar os cuidados”, acrescentou.
Rui Albuquerque adianta que vão ter uma equipa técnica alargada constituída por médicos, assistente social, enfermeiro, fisioterapeuta, psicólogo e vão avaliar “se a pessoa e o familiar pode vir fazer o internamento de curta duração”.
O psiquiatra refere que historicamente Portugal é um país com “características culturais” de alguma forma ligado à patologia mental e estima-se que cerca de um quarto da população “tem um problema de saúde mental”, independentemente de a sua natureza ser ligeira ou grave.
“Aquela população mais frágil que tem doença mental grave, que tem sido o nosso foco, as pessoas frágeis, em vulnerabilidade, com sofrimento, a pandemia agravou o estado de saúde mental; No caso particular desta Unidade da Parede estamos a antever aquilo que pode vir a acontecer e preparar um pacote de cuidados não só para as pessoas doentes mas também para as pessoas que podem vir a adoecer”, acrescentou Rui Albuquerque.
A Unidade das Irmãs Hospitaleiras na Parede tem-se dedicado à prestação de cuidados de saúde “na área das demências”, nomeadamente doença de Alzheimer, e também às pessoas com incapacidade que resultam de doença metal grave, “como esquizofrenia e perturbação bipolar”, e presta cuidados “essencialmente de suporte” para as pessoas que não têm capacidade de estar no seu domicílio.
As Hospitaleiras do Sagrado Coração de Jesus estão presentes em 27 países de quatro continentes; A congregação foi fundada a 31 de maio de 1881, em Ciempozuelos – Espanha, por S. Bento Menni, acompanhado por Maria Josefa Récio e Maria Angustias Giménez, e chegou a Portugal em 1894, onde abriu o primeiro centro assistencial em Belas – Sintra.
O Dia Mundial da Saúde Mental assinala-se a 10 de outubro, no próximo domingo, com o tema ‘Saúde Mental Num Mundo Desigual’, e esta área pastoral vai estar em destaque no Programa ‘70×7’, às 17h30, na RTP2.
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