Iniciativa maximiza «as potencialidades» dos participantes
Lisboa, 06 out 2021 (Ecclesia) – A Fundação São João de Deus (FSJD) promove o projeto ‘Mind Up’ com o objetivo de capacitar e de reintegrar pessoas com experiência em doença mental, em três eixos, na pessoa, na família e na comunidade.
“O nosso objetivo é sempre minimizar o impacto da doença, e maximizar as potencialidades de cada participante. O que nos distingue é uma abordagem personalizada, procuramos adequar a resposta em função das necessidades e interesses de cada participante, acho que isso é único e que faz falta no mundo da saúde mental”, explicou Daniela Costa, psicóloga ligada ao projeto, em declarações à Agência ECCLESIA.
A responsável diz não ter “dúvidas” que o futuro da saúde mental “passa pela capacitação e reintegração plena” das pessoas e o projeto ‘Mind Up’ para além do acompanhamento psicológico regular e das ofertas formativas também facilita a “concretização de sonhos ou antigos projetos”.
“Para nós é determinante que a pessoa desempenhe um processo ativo no seu próprio processo de recuperação. O meu papel enquanto técnica acaba por ser de elemento facilitador, dar apoio suporte para a sua concretização”, acrescentou.
Para a família e cuidadores informais, o projeto que surgiu em 2017, dinamiza um “grupo de suporte” e na comunidade procuram realizar “ações de sensibilização na área da saúde mental”, e rastreios com o objetivo de promover a saúde mental e aproximarem-se de diferentes contextos.
Segundo Daniela Costa, se a pessoa que teve experiência em doença mental tiver um “um papel ativo” a sociedade vai ver que “são capazes de fazer trabalhos dignos e válidos,” como qualquer outra.
Neste contexto, a Fundação São João de Deus com o projeto ‘Mind Up’, para além de capacitar as pessoas com experiência em doença mental, “em ambiente protegido”, no seu edifício no Campo Pequeno, também atuam na comunidade, preparando-a para receber estas as pessoas, porque “muitas vezes não existe igualdade de oportunidades” e é o caminho que procuram fazer.
A coordenadora da delegação de Lisboa da FSJD salientou que as casas de saúde “ainda são um bem necessário” porque muitas pessoas com doença mental “não têm família e há muitas famílias que não sabem tratar as pessoas com doença mental” mas, ali, têm pessoas que “estão prontas para dar um salto qualitativo nas suas vidas”, ir à procura do seu espaço, de ser feliz.
Em declarações à Agência ECCLESIA, Sandra Silva faz um balanço “muito positivo” do projeto ‘Mind Up’ e destaca que, neste momento, é preciso “falar muito de saúde mental, até que não seja um tabu”, porque enquanto continuar a ser é “muito difícil fazer integração plena das pessoas com doença mental”.
A psicóloga Daniela Costa lembra que o projeto “não parou” na pandemia Covid-19, continuaram a dar resposta, a ter “inglês, matemática, relaxamento”, através das “novas tecnologias, de reuniões via zoom”, e os acompanhamentos foram mantidos também pelo telefone, onde tentaram “sempre manter a proximidade com os participantes”.
“Perdemos algumas pessoas, temos a parte da exclusão digital, temos muitas pessoas que não sabem ainda trabalhar com o computador. É um caminho que vamos fazer no âmbito do ‘Mind Up’, capacitar as pessoas a trabalhar no computador, na internet”, acrescentou Sandra Silva, afirmando que a “fundação não ficou parada, reinventou-se”, e este mês lançam o projeto ‘Mentalizar’ para as empresas.
A responsável explica que a Fundação São João de Deus está integrada na Ordem Hospitaleira de São João de Deus, que em Portugal “é reconhecida pelo trabalho na área da saúde mental” e está em mais de 50 países.
A 10 de outubro, no próximo domingo, assinala-se o Dia Mundial da Saúde Mental, com o tema ‘Saúde Mental Num Mundo Desigual’, e esta preocupação vai estar em destaque no Programa ‘70×7’, às 17h30, na RTP2.
HM/CB
Saúde Mental: Fundação São João de Deus lança projeto «Mentalizar», para empresas e organizações