Música de Natal consagra sensibilidade popular

A música litúrgica começou com a expansão do Cristianismo e com os primeiros tempos de apostolado. Os seus compositores eram pessoas anónimas que iam buscar às raízes populares e ao que o povo usava para as músicas, como refere à Agência ECCLESIA o Padre António Azevedo de Oliveira, professor da Faculdade de Teologia da UCP em Braga e responsável pelo Departamento para a Música Sacra da Arquidiocese de Braga. “As melodias eram inspiradas nessa tradição e estilo popular para que o povo continuasse a cantar ao seu jeito e gosto”, explica, sendo a música de Natal “tão antiga como o cristianismo”. Não se pode datar o seu princípio, “a música não nasceu primeiro para o Advento ou para o Natal, foi nascendo conforme as celebrações e as suas necessidades, mesmo dos locais”, sendo que os locais eram mais vastos as músicas eram sumptuosas, se era mais recolhido, as melodias eram mais simples, estando os seus destinatários envolvidos na composição. “Se se cantava para o povo, usavam-se melodias mais simples, mais ao gosto popular”, esclarece o professor da UCP em Braga. Também o Gregoriano se inspirou no popular. “À medida que o tempo foi passando, quando apareceu a polifonia, em que a música começou a ser mais elaborada, a música antiga já escrita foi base e fonte de inspiração para os compositores”, continuando a recomendação da Santa Sé, mesmo depois do II Concílio do Vaticano, para que o Canto Ggregoriano seja fonte para a música, “estabelecendo assim uma continuidade”, sendo o estilo diferente da música de Natal, da música de Semana Santa. O lirismo é o que melhor caracteriza a música de Natal, diferente do Advento, que é uma altura de espera, “mas uma espera alegre”, manifesta o Pe António Oliveira, e a música deve acompanhar este sentimento. “Os presépios a partir de São Francisco conferiram ao Natal um aspecto muito popular”. O II Concílio do Vaticano não trouxe uma mudança nas músicas. A diferença que se distingue “é a língua própria, mas a forma de construir a música e de a cantar continua a ser a mesma no Natal”. Tema musical por excelência, o Natal inspirou autores antigos e contemporâneos, populares e eruditos. No canto gregoriano, o Natal foi festejado com temas como o Gloria ou com o Puer natus est nobis (Uma criança nasceu para nós). O Gloria, de Vivaldi, as Oratórias e as Cantatas de Bach, o Hodie Christus Natus Est (Cristo hoje nasceu) de Schutz, O Magnum Mysterium(Ó grande mistério) de Gabrielli, as Vésperas da Bem-Aventurada Virgem, de Monteverdi, são apenas alguns exemplos de como a grande música foi celebrando o Natal. A nível popular, e para só falar em Portugal, podem citar-se, entre muitas outras músicas, José embala o Menino, o Natal de Elvas, Ah! Vinde todos.

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