Pregador do Papa propõe jornada de penitência pelos crimes de pedofilia

O Pregador Apostólico da Casa Pontifícia, Pe. Raniero Cantalamessa, propôs hoje a convocação de um dia de “jejum e penitência” para expressar o arrependimento da Igreja perante os crime de pedofilia cometidos por alguns padres católicos. A ideia foi apresentada esta manhã, durante a primeira pregação de Advento dedicada ao tema “Aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração (Mt 11,29) – As Bem-Aventuranças evangélicas”. O religioso Capuchinho, “pregador do Papa” desde finais de 1980, estimou que após as medidas disciplinares e as indemnizações oferecidas por causa destas “abominações”, chegou o tempo de procurar “a reconciliação das almas”. “Não se poderia indicar uma jornada de jejum e penitência, a nível local e nacional, onde o problema foi mais forte, para exprimir publicamente arrependimento perante Deus e solidariedade para com as vítimas?”, perguntou. O Pe. Cantalamessa citou o discurso do Papa aos Bispos da Conferência Episcopal da Irlanda, a 28 de Outubro de 2006, em que Bento XVI referia que os “dilacerantes casos de abuso sexual contra menores” são “ainda mais trágicos, quando quem abusa é um clérigo”. “As feridas causadas por tais actos são profundas, e é urgente a tarefa de reconstruir a confidência e a confiança, onde elas foram prejudicadas”, disse então o Papa, defendendo que “é importante estabelecer a verdade a respeito daquilo que aconteceu no passado, dar todos os passos que forem necessários para impedir que ele volte a ocorrer, assegurar que os princípios da justiça sejam plenamente respeitados e, sobretudo, dar alívio às vítimas e a todas as pessoas que foram atingidas por estes crimes hediondos”. Na reflexão desta manhã, o Pe. Cantalamessa criticou o “prazer desordenado, escolhido contra a lei de Deus”, que se volta contra o próprio homem e “gera dor e luto”. “A Igreja chorou e suspirou, em tempos recentes, por causas das abominações cometidas no seu seio por alguns dos seus próprios ministros e pastores”, assinalou. O “pregador do Papa” assinalou que aqueles que cometeram abusos sexuais devem evitar “dar entrevistas ou escrever biografias na tentativa de fazer cair a culpa sobre os seus superiores ou sobre a comunidade eclesial”. Pregador Apostólico Desde o final de 1980 Frei Raniero Cantalamessa, da Província das Marcas, é Pregador Apostólico. Como tal, todas as sextas-feiras do Advento e da Quaresma, ele propõe uma meditação na presença do Papa, dos cardeais, bispos, prelados e superiores gerais de ordens religiosas. O título e o serviço do Pregador Apostólico remontam a Paulo IV (1555-1559). Até esse tempo, os Procuradores Gerais das quatro ordens mendicantes (Pregadores ou Dominicanos, Menores ou Franciscanos, Eremitas de Santo Agostinho e Carmelitas) pregavam por turnos, nos Domingos do Advento e da Quaresma. De Paulo IV em diante, os pregadores apostólicos foram estáveis, escolhidos das diversas ordens religiosas. E, em 1743, o Sumo Pontífice Bento XIV, com o breve Inclytum Fratrum Minorum, reservou esse encargo exclusivamente à Ordem dos Frades Menores Capuchinho. Frei Cantalamessa tem o seu próprio site na Internet, com informações em português: www.cantalamessa.org/pt/index.php

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