Bento XVI e Primaz ortodoxo grego pedem cooperação recíproca

Bento XVI sublinhou hoje a importância da colaboração recíproca que se estabeleceu entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Grega, considerando que a mesma pode ajudar a fomentar um “novo conhecimento” entre os fiéis das duas Igrejas. “A vossa presença aqui em Roma, Beatitude, é um sinal do nosso compromisso comum. A Igreja Católica, por seu lado, tem uma vontade profunda de fazer todos os possíveis pela nossa aproximação, rumo a uma plena comunhão entre católicos e ortodoxos”, disse o Papa, recebendo no Vaticano o Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Christodoulos. O Papa apontou para a necessidade de se defenderem, em conjunto, “as raízes cristãs da Europa”, perante os desafios do “niilismo e do relativismo”.“Católicos e ortodoxos são chamados a oferecer (à criação de uma nova Europa) uma contribuição cultural e sobretudo espiritual”, defendendo “as raízes cristãs do Continente que modelaram através dos séculos”, sublinhou Bento XVI. No discurso dirigido ao Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia, Christodoulos, e à sua delegação de Bispos que o acompanham nesta primeira visita oficial à Igreja de Roma, o Papa defendeu que há que incrementar a colaboração entre os cristãos, nos diversos países europeus, para fazer face aos novos riscos com os quais se confronta a fé cristã e a legislações que põem em causa instituições tão fundamentais como o matrimónio. Referindo um dado histórico e cultural que lhe está muito a peito, Bento XVI pôs em destaque o fecundo diálogo e convergência entre Roma e a Grécia, numa “osmose” que não conduziu à uniformização mas sim a uma rica diversidade: “A Grécia e Roma desde a aurora do cristianismo intensificaram as suas relações, depois prosseguidas, dando origem a diferentes formas de comunidades e tradições cristãs nas regiões do mundo que hoje em dia correspondem à Europa de Leste e à Europa ocidental”, apontou. “Estas intensas relações contribuíram igualmente para criar uma espécie de osmose na formação das instituições eclesiais. Esta osmose – na salvaguarda das particularidades disciplinares, litúrgicas, teológicas e espirituais das duas tradições romana e grega – tornou frutuosa a acção evangelizadora da Igreja e a inculturação da fé cristã”, prosseguiu. Para o futuro abre-se um vasto campo onde se poderá desenvolver a colaboração cultural e pastoral entre a Igreja da Grécia e a Igreja de Roma. Nomeadamente na defesa das raízes cristãs da Europa, para “permitir que a tradição cristã continue a manifestar-se e a actuar com todas as suas forças a favor da salvaguarda da dignidade da pessoa humana, do respeito das minorias, evitando uma uniformização cultural que correria o risco de resultar na perda de imensas riquezas da civilização”. Há também que “trabalhar na salvaguarda dos direitos do homem, incluindo o princípio da liberdade individual, em particular a liberdade religiosa”. Direitos “a promover e a defender na União europeia e em cada um dos países membros. “Há que incrementar a colaboração entre os cristãos, em cada um dos países da União Europeia, para fazer face aos novos riscos com que se confronta a fé cristã: crescente secularização, relativismo e niilismo, abrindo o caminho a comportamentos e mesmo a legislações que lesam a dignidade inalienável das pessoas e põem em causa instituições tão fundamentais como o matrimónio.” Segundo o Primaz ortodoxo, o encontro com o Papa significa “uma nova etapa no percurso comum das nossas Igrejas”. No final desta audiência, que ainda decorre, será assinada uma declaração comum. Ontem, à sua chegada a Roma, Christodoulos disse que o “tempo urge” no diálogo católico-ortodoxo. Esta é a primeira vez que um Primaz ortodoxo da Grécia faz uma visita oficial ao Papa e à Igreja de Roma. O chefe da Igreja Ortodoxa da Grécia anunciara em Fevereiro que iria visitar, ainda em 2006, o Vaticano, respondendo assim a um convite do Papa. Esta viagem, que estava em suspenso há vários anos, representa um grande passo no caminho ecuménico, mas enfrenta a tradicional oposição de vários sectores ortodoxos, os mesmos que impediram um gesto semelhante durante o pontificado de João Paulo II, para retribuir a peregrinação jubilar do Papa polaco a Atenas, em 2001. O Arcebispo grego e a sua comitiva irão em peregrinação a alguns dos lugares santos de Roma. A viagem foi aprovada pelo Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa da Grécia, na sessão de 3 de Novembro de 2006, na qual se manifestou “a alegria pela realização desta visita, da qual sairão frutos positivos. (Com Rádio Vaticano)

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