“Natal” significa nascimento

Mensagem do Bispo das Forças Armadas e de Segurança Tenho pena que o conceito de “Natal” não seja devidamente entendido. Os interesses materiais e a imaginação mítica transformaram-no numa entidade que, rodeado de neve e de crianças, distribui presentes ou anima festividades. Ora “Natal” significa nascimento, e na nossa situação histórica, da Pessoa de Jesus Cristo. “Como faz anos” que Ele, o Cristo, nasceu, as festas, as luzes, as prendas, a reunião da família e os votos de solidariedade e paz exprimem o verdadeiro sentido da fé no âmbito da nossa cultura cristã, ou, por outro lado, revelam um hábito social em que nos festejamos uns aos outros, sem haver o Festejado… Nos ritos, costumes e jogos sociais, o próprio Absoluto se veste de formas plurais: uns aceitam-no da forma mais explícita; outros, na sua descrença ou na aceitação de outras concepções religiosas, vivem, com naturalidade, um compromisso de calendário. Compreendo. Mas, por vias diferentes, este é o Acontecimento em que, ao longo de um ano, coincidimos num apelo humanizador. Se a fidelidade à Pessoa de Jesus Cristo deve transparecer, pela justiça e amor, na alteração dos critérios do viver comum, o culto do bem-fazer, das aspirações de uma ordem mais equitativa, da defesa dos direitos e dos deveres do ser humano, dos cânticos e das loas, longe da representação de um simples presépio, são clamores da nossa identidade. Pode parecer que Jesus Cristo “não comparece” em tantos Natais, na palavra de um grande poeta português… Mas no rosto anónimo da promoção de da história e da humanização do mundo, é Jesus Cristo que, ao ser alimentado na fome e abandono das pessoas, nasce e se torna presente. Por que não nos entendemos diante destas realidades que os nossos olhos fitam e que nos tocam o coração? Por que não assistimos, entre nós, a um cuidado mais interessado pelo outro e pelo presépio das suas condições de vida? A todos os membros das Forças Armadas e de Segurança endereço os votos de que nos tornemos mais próximos, pela construção da verdade, da liberdade e da paz. Sem estas convicções, continuaremos a assistir à má vontade da mentira, da menorização dos mais fracos, da violência contra os mais débeis. Vivo as saudades dos que nos deixaram pela morte, evoco os sofrimentos e as condições mais duras das nossas famílias, recordo quem, das Forças Armadas e de Segurança, passa este Natal de 2006 em Missões Internacionais. Faço minha a esperança, que muitos alimentam, de que alguma coisa ainda venha a sobrar para eles, de tantos gastos inúteis e sempre mundanos. Que o Nascimento de Jesus Cristo seja um momento sério. Todos ficaremos a lucrar. Feliz Natal para as Forças Armadas e de Segurança de Portugal! Januário Torgal Mendes Ferreira

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Agência ECCLESIA

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