Cardeal assinalou que a Europa «não deve esquecer as raízes cristãs» e a contribuição das Igrejas
Cidade do Vaticano, 03 set 2021 (Ecclesia) – O secretário de Estado do Vaticano afirmou que “a solidariedade europeia está no coração do projeto europeu”, no Fórum Estratégico Bled, na Eslovénia, onde também destacou temas como cooperação internacional, migração e mudanças demográficas.
O cardeal Pietro Parolin, divulgou hoje o ‘Vatican News’, salientou que “é infelizmente inegável” o atual enfraquecimento da confiança no direito internacional e nas organizações internacionais e com “consequências para o próprio projeto europeu”.
“Pode afetar, em particular, o sentimento de pertencer à Europa, que se baseia na adesão a seus valores fundamentais como o respeito à dignidade da pessoa humana, um profundo senso de justiça, liberdade, diligência, espírito de iniciativa, amor à família, respeito à vida, tolerância, desejo de cooperação e paz”, desenvolveu.
Segundo o secretário de Estado do Vaticano, uma época de mudanças rápidas como a atual pode trazer uma “perda de identidade, especialmente quando faltam valores partilhados”.
O responsável católico afirmou que a Europa “não deve esquecer as suas raízes cristãs e a contribuição necessária das Igrejas”.
Neste contexto, D. Pietro Parolin explicou que onde quer que se tente refletir sobre o futuro da Europa e redescobrir a identidade europeia, “continua a ser essencial encorajar e apoiar um diálogo aberto, transparente e regular” com os representantes das Igrejas e associações ou comunidades religiosas, que “contribuem para a formação dos valores europeus”.
“A solidariedade europeia está no coração do projeto europeu. A cooperação não deve se limitar às fronteiras europeias”, acrescentou, realçando que a pandemia Covid-19 demonstrou que as pessoas estão “todas no mesmo barco, frágeis e desorientados, tanto na Europa como em relação ao resto do mundo”.
No âmbito da migração, o secretário de Estado do Vaticano assinalou que é necessário um esforço global e observou que, no contexto atual, “as soluções fragmentárias são inadequadas”.
“Há uma necessidade de comunidades solidárias que ajudem os migrantes e lhes permitam aprender a respeitar e assimilar a cultura e as tradições das nações que os acolhem”, acrescentou, incentivando os líderes europeus a promover “ativamente políticas que acolham, protejam e integrem migrantes, refugiados e requerentes de asilo”.
No Fórum Estratégico de Bled, dedicado ao ‘Futuro da Europa’, o cardeal italiano lembrou que o tema dos migrantes também está ligado à mudança demográfica, a ajuda às famílias e a necessidade de construir uma autonomia estratégica para a União Europeia., que são dois aspetos importantes.
“Em vários países europeus há necessidade de políticas familiares amplas e clarividentes, para dar aos jovens trabalho e segurança suficientes para suas casas e criar as condições necessárias para o crescimento das famílias, o que é precioso para o futuro do continente europeu”, desenvolveu D. Pietro Parolin, na sua intervenção esta quarta-feira.
Sobre o segundo tema, referiu que os países europeus “devem ver-se como parceiros, e não como concorrentes, ou como colonizadores” e “a autonomia estratégica deve permanecer aberta a uma cooperação mais ampla com outras nações”, informa o portal ‘Vatican News’.
CB