Passar da dimensão do doente para a educação de uma vida saudável A pastoral da saúde está a abrir caminho para uma nova concepção deste serviço. Habituados a encarar esta acção exclusivamente ligado aos doentes, centrando-se essencialmente na administração de sacramentos e “mais umas palavras”. Mas pode ser mais. “Queremos passar de uma pastoral dos doentes para uma pastoral da saúde, mais inclusiva e completa” assume o Padre Feytor Pinto, Coordenador Nacional da Pastoral da Saúde. “Tem-se a ideia que a pastoral da saúde só se passa nos hospitais” o que está errado, pois este é um local de passagem e o doente regressa a sua casa e à sua paróquia, onde se pode desenvolver um trabalho de educação. A paróquia tem mais responsabilidade na educação para estilos saudáveis de vida, na educação para alimentação, para as doenças, educação para o stress, para os consumos de tabaco de álcool, educação para a sexualidade “mostrando a sua vivência equilibrada para evitar inúmeras doenças” explica à Agência ECCLESIA o também pároco no Campo Grande, em Lisboa. Sendo um trabalho transversal de toda a pastoral, podem envolver-se os grupos de jovens, a pastoral familiar. Ajudar a reflectir em como se assistem os doentes, que preparação, que diálogo para além das orações e da administração dos sacramentos, “são questões que se podem estruturar na paróquia” reflecte o Pe Feytor Pinto, estabelecendo uma relação com a pastoral social porque “a pessoa que está doente pode precisar de ajuda em casa, estando as pessoas da pastoral social disponíveis para a ajudar nas inúmeras tarefas”. Segundo o coordenador Nacional da Pastoral da Saúde “a pastoral da saúde é uma forma de nova evangelização, pois aposta em novos métodos, novos objectivos, propõe um estilo saudável de vida às pessoas”, sendo um contributo muito importante na vida contemporânea e sendo uma das temáticas centrais que mais destaque adquirem actualmente, “a Santa Sé também já discutiu estas questões” sublinha o Pe Feytor Pinto. Também esta questão foi discutida nas XII Jornadas Diocesanas da Pastoral da Saúde. A partir do “Voluntariado em Saúde”, os participantes debruçaram-se sobretudo no âmbito paroquial que o voluntariado pode ter sendo o tema desenvolvido em vários módulos. O “Voluntariado em Saúde à luz da Encíclica “Deus é Amor” de Bento XVI, “onde se trabalhou a exigência que a encíclica traz a uma acção pastoral centrada na caridade” relembrou o coordenador nacional da Pastoral da Saúde, “e a dimensão do voluntariado nessa acção caritativa”. A Pastoral da Saúde como inovação pastoral da igreja, como nova evangelização. “Desde 1985 que existe a pastoral dos doentes mas esta é enriquecida com a pastoral da saúde, inclusivamente com a prevenção das doenças, com a educação para estilos saudáveis de vida” relembra. “A relação pastoral de ajuda” no relacionamento entre os doentes e o agente da pastoral e a importância da cooperação com os profissionais de saúde para uma intervenção positiva. Por último a organização da pastoral da saúde numa paróquia, com o exemplo que já existe no Campo Grande. A dimensão do voluntariado é das áreas que a Igreja mais desenvolve. A nível da saúde, o Pe Feytor Pinto dá conta do voluntariado das famílias hospitalares “muito ligado à dimensão eclesial”, o voluntariado hospitalar e o voluntariado nas comunidades paroquiais que “queremos continuar a assegurar na sua dimensão essencial”. Mas ficaram pistas, da reflexão realizada nas Jornadas, para apostar nas pessoas que ainda não fazem voluntariado. Nesse sentido prende-se “com a constituição de um núcleo de reflexão constituído a partir de paróquias onde já se faz voluntariado, para irem às outras paróquias do Patriarcado falar das suas experiências e das linhas de formação” explica o pároco do Campo Grande que afirmou estar a ser organizado um manual de formação para o voluntariado paroquial, por parte da Pastoral Nacional da saúde. Um caminho a desenvolver é o envolvimento dos párocos, pois “não estão muito despertos para esta realidade porque encontram-se ainda muito centrados na pastoral dos doentes” afirma.