Opção radical pela Eucaristia
No evangelho deste 21.º Domingo do Tempo Comum, escutamos o final do capítulo 6 de São João sobre Jesus como o Pão da vida. “Estas palavras são duras. Quem pode escutá-las?” Desta vez, não são os escribas e os fariseus que se opõem violentamente a Jesus, mas a maior parte dos seus discípulos.
No lugar de Jesus, teríamos, sem dúvida, tentado acalmar os espíritos dizendo, por exemplo, que comer o seu corpo ou beber o seu sangue para ter a vida eterna era uma imagem, certamente chocante, mas apenas uma imagem.
Nada disso acontece com Jesus! Além de não retirar nem atenuar nenhuma das suas palavras, provoca os Doze: “Também vós quereis ir embora?” Ele aceitaria antes ver partir os seus discípulos mais próximos do que negar uma só das suas palavras!
Desafio radical e incontornável. Não podemos apagar estas palavras se queremos ser seus discípulos. Tudo à luz do acontecimento central da Morte e Ressurreição, celebrado na Eucaristia!
Reconhecemos verdadeiramente neste homem, Jesus de Nazaré, o Filho de Maria, o verdadeiro Filho único de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos, como dizemos no Credo? Cremos verdadeiramente que Jesus ressuscitou e é vencedor da morte?
Aí está o centro da nossa fé, onde tudo se decide! Quando comungamos o corpo e o sangue de Cristo, dizemos: “Ámen! Adiro a esta presença de Jesus ressuscitado com todas as fibras do meu ser!” Uma fé celebrada na Eucaristia a marcar toda a nossa existência. Não há meios-termos! Toda a nossa vida deve ser eucarística!
A primeira leitura pode ser lida à esta luz desta opção radical: ou servir os deuses ou servir o único Senhor Deus das nossas vidas.
Também São Paulo diz aos cristãos de Éfeso que a opção por Cristo tem consequências também ao nível da relação familiar. Com a sua partilha de amor, com a sua união, com a sua comunhão de vida, o casal cristão é chamado a ser sinal e reflexo da união de Cristo com a sua Igreja.
Voltemos à resposta de Pedro no Evangelho: «Para quem iremos, Senhor? Tu tens palavras de vida eterna. Nós acreditamos e sabemos que Tu és o Santo de Deus». Cada um de nós pode interrogar-se: posso sinceramente dizer a minha fé com as palavras de Pedro? Terei, por exemplo nos próximos dias, a força de a testemunhar junto de uma pessoa que duvida, que procura, ou que contesta a fé cristã?
Em tempo de férias para muitos de nós, peçamos ao Senhor que aumente a nossa fé e procuremos os meios para a alimentar e fazer crescer. Sem pausas nem abrandamentos, mas com a radicalidade da adesão à pessoa de Jesus Cristo, na Eucaristia celebrada, adorada e vivida, sempre nos andamentos da nossa existência. Sem nunca esquecermos que a nossa vida é eucarística.
Manuel Barbosa, scj