Ao serviço da teologia e da ciência

Pe Luís Archer recebe prémio de Cultura Padre Manuel Antunes 2006 Premiar o caminho conjunto da teologia e da ciência: foi objectivo da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais que esta manhã entregou ao Padre Luís Archer, o Prémio de Cultura Padre Manuel Antunes 2006. É um prémio que como o próprio explica à Agência ECCLESIA, mostra que “a Igreja vê com bons olhos o que fiz nestes anos”. A boa vontade que a Igreja mostra perante uma vida que andou muitos anos por fora, mas que mostra “uma igreja aberta àqueles que desenvolvem este tipo de trabalho e não apenas no concentrar a sua acção dentro dos organismos eclesiais” afirmou o Pe Archer, manifestando também a sua satisfação e surpresa “porque não contava com esta atribuição”. A cerimónia de entrega do prémio decorreu esta manhã na Universidade Católica Portuguesa em Lisboa. Na plateia muitos admiradores do vasto currículo do padre que se licenciou em Biologia antes de ser ordenado sacerdote, pelos jesuítas. Foi exactamente por “sugestão de um padre jesuíta que me licenciei em Biologia, e já nos anos 30 e 40 se sentia que ambos os campos estariam em controvérsia” relembrou o premiado. A cerimónia de entrega do prémio contou com uma lição proferida pelo galardoado sobe o tema “O Humanismo que salva a tecnociência”. Aqui o Pe Luis Archer reflectiu que a tecnologia é uma coisa boa, a tecnociência também, mas se considerar em absoluto então degrada-se. Segundo o próprio apontou “tudo a seu tempo se tornará tecnicamente viável, basta ter paciência”, mas é importante não esquecer que “não é a tecnologia que ocupa o útero da mulher, e sim o resultado da fecundação entre um espermatozóide e um óvulo”. A tecnociência tornando-se perigosa pode tirar ao homem o melhor que ele tem: o seu espírito, o amor, a sensibilidade, a solidariedade, “todas essas coisas que não são técnicas” explica o orador. Mas não se deve “reprimir a actividade técnica, antes percorrê-la para levar a um novo humanismo, sendo a bioética uma forma deste humanismo” afirmou durante a sua lição. Quanto mais a tecnologia progride, também mais possibilidades de perversões, “mas isso acontece com todas as tecnologias e também com toda a vida quando nos deparamos com uma realidade nova” constatou o galardoado. “Não creio que seja por causa da existência dos perigos que se deva colocar um travão, pelo contrário. Não se deve antes interpretar mal certos dados, porque por vezes a ciência não é bem interpretada” sublinhou. Sobre os embriões para investigação o Pe Luis Archer acredita que “se irá recuar. É uma questão de dinheiro. Pode-se fazer o mesmo com células estaminais do próprio indivíduo. Para quê ir aos embriões? No fundo apenas porque é mais fácil, mais acessível e mais rentável” afirmou. O homem por detrás da reflexão acompanha agora “mais longe a ciência” e dedica-se a algumas actividades pastorais. Em paralelo continua a ser convidado para palestras e mestrados, “para além da obrigação, com muito gosto”. Homenagear um percurso de vida “O prémio permite olhar para um percurso tão significativo na área da ciência desenvolvido pelo Pe Luis Archer como um percurso de cultura, que não viveu apenas no laboratório mas desenvolveu também na procura de um significado para a vida e de um encontro mais profundo com as interrogações do coração humano” manifestou o Pe Tolentino Mendonça. Como Director do Secretariado Nacional da Pastoral da Cultura e membro do júri que distinguiu o Pe Luis Archer afirmou que “a entrega do prémio, é antes de tudo o que representa a vida e o testemunho do Pe Luis Archer. Todo o percurso cultural implica tomar uma posição, traçar um caminho. E sem querer uma colagem aos acontecimentos que estão na ordem do dia, a escolha do Pe Luis Archer significa o trabalho que ele desenvolveu dialoga profundamente com as grandes preocupações do nosso tempo”. D. Manuel Clemente, Bispo auxiliar de Lisboa e Presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais aponta neste prémio “uma atitude global que inclui os diversos níveis de cultura e as diversas metodologias para se obter um conhecimento e depois integrá-lo no sentido mais humano do termo, ou seja, na ajuda a uma compreensão e a uma situação na vida perante o mundo e as suas diversas problemáticas”. Nesse aspecto aponta o Pe Luís Archer com “um cientista mas que é também um homem da igreja, um teólogo, que na sua vida ligou muito bem estes dois aspectos”, contribuindo para um sentido inteiro do termo cultura. Honoris Causa A atribuição do prémio Padre Manuel Antunes 2006 coincide com a decisão que a UCP tomou de doutorar Honoris Causa o Padre Luís Archer. Esta atribuição vai acontecer a 3 de Fevereiro de 2007, dia em que a UCP celebra 40 anos de existência. “Coincidência feliz uma vez que a Universidade descobriu que tinha pelo contributo à cultura católica e à cultura universitária uma enorme dívida de gratidão ao Padre Luis Archer” salientou o Reitor da UCP, Braga da Cruz.

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