Cinema: Bom ano nas vinhas de França

“Um Ano Especial” torna-se atractivo pelo ambiente das vinhas de Provence, que transmitem muito da alegria e da paz de uma zona rural. O contraste estabelecido com o meio árido da área financeira de Londres é um paralelo interessante com os dois estados de espírito do protagonista, corretor de sucesso, mas também vivendo com alguma saudade os seus tempos de infância. Ridley Scott, habituado a filmes de acção intensa, adaptou-se bem a este novo estilo, com uma componente romântica muito sólida e sóbria, salvo nas sequência finais em que resvala um pouco para o melodramatismo. O actor Russell Crowe, muito bem dirigido, está na primeira posição de uma lista de excelentes intérpretes, em que se realçam também Freddie Highmore (no mesmo papel, quando criança) e Albert Finney, um tio amigo e educador, fonte dos princípios sólidos que formam a personalidade do seu sobrinho. O que mais se aprecia é a conjugação entre a técnica e arte, por um lado, e o tratamento temático, por outro, havendo neste último inúmeras oportunidades de realçar comportamentos do mais diverso sentido, moldados por diferentes educações recebidas ou capacidades de as assimilar. O reflexo que tem, no presente, uma infância feliz mas peculiar, serve para que se sinta a importância das relações familiares, do período da vida em que muita coisa é novidade mas de que nada de essencial fica esquecido. O espectador tem oportunidade de seguir a vida de Max Skinner, o protagonista, e com ele viver a dura opção que é forçado a tomar, entre uma carreira de sucesso numa zona urbana de actividade intensa e a vida aprazível numa área rural de Provence, em que “nada acontece” mas em cada ano há uma vindima. Nas suas conclusões o filme não acarreta surpresas, sendo totalmente previsíveis as saídas para os problemas apresentados. Mas tal não desilude, pois é uma posição assumida. É um conto, com bom sentido de humor e raros apontamentos dramáticos. Francisco Perestrello

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