Estudos teológicos no Alentejo

ISTE promove Jornadas de História Religiosa O Instituto Superior de Teologia de Évora vai realizar, no próximo dia 15 de Novembro (Quarta-Feira), as IV Jornadas de História Religiosa, a coincidir com o Dia do Instituto, que é o da festa do seu Patrono, S.to Alberto Magno, de quem se celebra, este ano, o 8.º centenário do nascimento. O semanário diocesano “A Defessa” entrevista o novo presidente do ISTE, Pe. José Morais Palos, que é professor no ISTE há 20 anos e já passou por anteriores direcções. A iniciar um mandato de três anos fala-nos do presente e do futuro do Instituto Superior de Teologia de Évora (ISTE). A defesa – No próximo dia 15 de Novembro o Instituto Superior de Teologia de Évora assinala mais um aniversário. Porquê esta data? Pe. José Morais Palos – O Instituto Superior de Teologia de Évora vai fazer 30 anos em 2007. No entanto, quando foi fundado não se lhe atribuiu um patrono. Com o passar dos anos entendeu-se que o ISTE também deveria ter um Protector e foi escolhido, entre outras sugestões, Santo Alberto Magno, porque também a sua festa ocorre quase no início do ano lectivo, embora já tenhamos dois meses de aulas. A defesa – Como vai ser assinalada a data este ano? Pe. José Morais Palos – Ao longo dos anos em que temos celebrado o dia do Patrono não tem sido fácil encontrarmos um programa, até porque a maior parte das vezes é dia de semana, e sendo feriado no Instituto, as pessoas estão mais dispersas. Este ano entendeu-se, que estando preparadas umas Jornadas de História Eclesiástica, que já vão na terceira edição, poderiam enquadrar-se bem no dia de Santo Alberto Magno, porque este ano celebramos os 800 anos, segundo os estudos mais fundamentados, do seu nascimento. Portanto, pensámos que umas jornadas de história se enquadrariam bem para assinalar o dia do ISTE. Assim aproveitamos todo o trabalho já feito pelo Professor Joaquim Lavajo, na preparação daquelas jornadas e integraram-se essas jornadas naquele dia. A defesa – Já foi presidente do ISTE, volta de novo. Como encontrou o ISTE? Pe. José Morais Palos – Como já referi, o ISTE tem quase 30 anos, e eu sou professor no ISTE há 20 anos. E posso dizer que nestes últimos 20 anos, tendo já estado como secretário e presidente, a vida do ISTE tem vivido períodos distintos. No final da década de 80 e início da década de 90, o ISTE viveu um período de uma certa projecção sobretudo protagonizada pelo aumento do número de alunos. Apesar de sermos uma escola pequena, nessa altura chegámos a ter 60 a 70 alunos, entre ordinários e extraordinários. Isto deveu-se a um facto bem notório, que teve a ver com os leigos que, sendo já professores de Educação Moral e Religiosa Católica nas escolas ou que pretendiam sê-lo, procuraram no ISTE a sua formação superior. Isto também aconteceu porque muitos dos Padres deixaram as actividades lectivas deixando esse espaço para os leigos. Acontece, no entanto, que no final da década de 90, os quadros das escolas da região estavam preenchidos e então, o ISTE volta a não ter um número tão elevado de leigos no curso de teologia e volta a ser frequentado essencialmente pelos candidatos ao sacerdócio oriundos das dioceses de Évora, Beja e do Algarve. Neste momento, à parte de alguns leigos e religiosos, os alunos do ISTE são principalmente os candidatos ao sacerdócio. A defesa – Quantos alunos tem actualmente o ISTE? Pe. José Morais Palos – Neste momento temos 33 alunos no curso de Teologia, dos quais 7 ou 8 não são candidatos ao sacerdócio. Portanto, o ISTE tem menos alunos, mas o grupo não é tão heterogéneo. A defesa – Com a implementação do processo de Bolonha nas escolas superiores, como é que o ISTE se adaptou a este processo? Pe. José Morais Palos – Importa referir que a Santa Sé também assinou o processo de Bolonha e, por isso, em Portugal, no que diz respeito ao ensino da Teologia e Ciências Religiosas o processo foi conduzido pela Faculdade de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP). Portanto, foi em referência àquela faculdade, que as diversas escolas se adaptaram. Esse trabalho já vem do ano passado e este ano implementou-se. O curso de Teologia é considerado com Mestrado Integrado, porque não há um grau académico de licenciatura de 3 anos em Teologia. Para as Ciências Religiosas prevê-se que possa haver uma licenciatura de 3 anos. Fizemos essa adaptação, sobretudo sintonizando o nosso calendário e curriculum com a Faculdade de Teologia da UCP. A defesa – Este ano, que cursos estão a decorrer no ISTE? Pe. José Morais Palos – Essencialmente, o ISTE é para promover os estudos filosóficos, teológicos e pastorais, estando naturalmente aberto a outras áreas. O curso principal é, pois, o de Teologia. Mas, como disse, até pode haver outras áreas de acordo com as necessidades pastorais da Igreja. Este ano está a decorrer uma Pós-Graduação em Gestores de Instituições Particulares de Solidariedade Social. Era um curso que já vinha sendo pensado pela comissão directiva anterior, mas não se conseguiu que fosse leccionado antes. Este ano retomámos a programação e, apesar de não termos conseguido o número de alunos de que estávamos à espera, já foi possível iniciar as aulas no passado dia 28 de Outubro. Trata-se de um curso pós-laboral, frequentado por pessoas que trabalham nestas instituições ou que procuram simplesmente valorizar-se nesta área e com alguns encargos para os próprios. Com todas as limitações que este regime implica, ainda conseguimos reunir 20 alunos, todos eles já licenciados, que irão certamente contribuir, com a sua formação, para um melhor desempenho das suas funções. A defesa – O que é que me pode avançar sobre a velha aspiração do ISTE ser um pólo da Universidade Católica Portuguesa? Pe. José Morais Palos – Quando as Instituições são criadas têm projectos. De facto, essa aspiração sempre esteve na ideia dos fundadores. Actualmente essa ligação faz-se através do curso de Teologia porque Évora, felizmente, desde essa data, tem uma oferta alargada no âmbito do ensino superior. No entanto, estamos abertos a ser plataforma da UCP para cursos que já se têm realizado em Évora. Em relação à figura de o ISTE ser filiado na UCP, neste momento, está um pouco abandonada, porque o ISTE tem um protocolo com a Faculdade de Teologia da UCP, que está a ser preservado e implementado, que permite, no processo de Bolonha, aos nossos alunos terminarem o seu mestrado em Lisboa. É sobretudo no curso de Teologia que o ISTE tem estreitado a colaboração com a Universidade Católica No entanto, o ISTE tem a área da formação dos leigos. A experiência que temos é que, depois de ter diminuído a procura da habilitação própria para leccionar as aulas de Educação Moral e Religiosa nas escolas do Estado, devemos cada vez mais proporcionar cursos básicos de teologia que não devem ter tanto a preocupação de graus académicos, mas formar os leigos nas áreas em que actuam e em que estão ou devem estar comprometidos nas suas comunidades. Esta é uma das áreas em que pessoalmente, e os restantes elementos da Comissão Directiva, entendemos que devemos apostar na nossa diocese ou nas outras dioceses do sul, se assim se entender. Um destes cursos começou o ano passado em Samora Correia, com 60 alunos, tem a duração de dois anos, é leccionado em módulos trimestrais, e tencionamos depois alargá-lo a outras cidades e vilas da Diocese. Há ainda a área da formação permanente do clero, em que os três bispos das dioceses do sul que constituem o conselho superior do ISTE, querem apostar e promover mais. Por isso, o ISTE irá ter em conta na sua programação e objectivos a área da formação permanente do clero nas três dioceses do sul do País. A defesa – O ISTE tem algumas especificidades a nível do corpo docente porque a maioria são sacerdotes e não se dedicam em exclusivo ao ensino? Pe. José Morais Palos – É verdade. Toca num ponto importante e que caracteriza o nosso Instituto. De facto, as exigências pastorais impedem a dedicação exclusiva dos nossos professores, porque como disse, a maioria são sacerdotes e têm outras responsabilidades. Se por um lado, esta realidade faz com que os nossos professores possam estar limitado ao nível da investigação e produção cientifica, apesar de ainda haver um bom número que a faz, por outro lado, dá à teologia um colorido diferente porque ensinam muito da sua experiência quotidiana e isto tem-se revelado muito vantajosos porque faz com que o ensino da teologia não seja tão teórico e distante. Sente-se assim uma teologia muito mais prática, ligada à pastoral e, neste ponto, até nos parece que avançamos mais relativamente ao processo de Bolonha numa das vertentes que é considerada das mais importantes: a aquisição de competências por parte dos alunos. Entrevista de Pedro Miguel Conceição

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