Papa prossegue consultas sobre a celebração da Missa em Latim

Bento XVI continua a consultar vários Cardeais a respeito do projecto de aprovação universal do uso do Missal de São Pio V (com a Missa em Latim). O presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF), Cardeal Jean-Pierre Ricard, assegurou que o Papa ainda não assinou o “motu proprio” (decreto pessoal) a este respeito, desmentindo assim algumas notícias que davam este facto como consumado. A Comissão Ecclesia Dei, de que o Cardeal Ricard faz parte, ainda se vai pronunciar sobre o tema, revelou o presidente da CEF à margem da assembleia magna do organismo episcopal francês, em Lourdes. A “Ecclesia Dei” é uma comissão que tem objectivo “facilitar a plena comunhão eclesial” dos fiéis ligados à Fraternidade fundada por Monsenhor Lefebvre, “conservando as suas tradições espirituais e litúrgicas”, em especial o uso do Missal Romano segundo a edição típica de 1962. O Missal de São Pio V, que a Igreja Católica usava até essa data, foi substituído pela liturgia do “Novus Ordo” (Novo Ordinário) aprovada como resultado da reforma litúrgica do Concílio Vaticano II. Contém a Missa celebrada em latim segundo a antiga tradição, e actualmente só pode ser celebrada com permissão do Bispo local. A aprovação universal significaria que a Missa do antigo rito poderá ser celebrada livremente em todo mundo, pelos sacerdotes que assim o desejarem. Este poderia ser um passo importante para resolver o cisma lefebvriano, pois a possibilidade de celebrar livremente a Missa de São Pio V é um dos pontos de tensão nesta questão. O Arcebispo de Bordéus assegurou que “não está em curso uma reforma da reforma litúrgica”, surgida após o Vaticano II. Os livros litúrgicos redigidos e promulgados após o Concílio continuarão a constituir a forma ordinária e habitual do Rito Romano. “Este projecto – explicou –insere-se no desejo de Bento XVI de fazer tudo o que está em seu poder para colocar fim ao cisma com os lefebvrianos.” No passado mês de Março, Bento XVI confirmou, perante os Cardeais de todo o mundo, a sua preocupação pela reconciliação com a Fraternidade São Pio X, fundada pelo Arcebispo Lefebvre. O Papa poderia levantar a excomunhão de João Paulo II, datada de 1988, contra os Bispos da Fraternidade. Nesse encontro com o Colégio Cardinalício, o Papa deixou votos que, entre os temas a discutir, estivesse “a questão levantada por Mons. Lefebvre e a reforma litúrgica desejada pelo Concílio Vaticano II”. O Bispo Bernard Fellay, superior geral da Fraternidade, e outros três Bispos foram excomungados a 2 de Julho de 1988, por terem sido ordenados “ilegitimamente” no seio da Fraternidade, por parte do Arcebispo Lefebvre. A carta apostólica “Ecclesia Dei”, de João Paulo II, constatou que esta ordenação de Bispos (a 30 de Junho de 1988) constituiu “um acto cismático”. Os contactos têm sido conduzidos pelo Cardeal Darío Castrillón Hoyos, presidente da Comissão Pontifícia “Ecclesia Dei”. Já enquanto Cardeal, Joseph Ratzinger tinha conseguido assinar um protocolo, a 5 de Maio de 1988, com o Arcebispo Lefebvre. Agora, um projecto de novo acordo instituiria para a Fraternidade uma “administração apostólica”, dependente directamente do Papa.

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