Covid-19: «Scholas Ocurrentes» Portugal promove partilha e reflexão sobre saúde emocional dos jovens

Novas gerações têm «poucos espaços para realmente falarem das suas emoções» – Kattia Hernández

Cascais, 27 mai 2021 (Ecclesia) – A fundação pontifícia ‘Scholas Ocurrentes’ está a promover o programa virtual ‘Scholas Pensarmo-nos’, com a ‘Jovem Cascais’, direcionado para a saúde emocional dos jovens, face ao impacto da pandemia.

“Os jovens estão conectados, mas na realidade há poucos espaços para realmente falarem das suas emoções, dos seus medos, das suas dores”, disse hoje a diretora da ‘Scholas Occurrentes’ em Portugal à Agência ECCLESIA.

Kattia Hernández refere que, desde o início da pandemia de Covid-19, a fundação começou a fazer encontros virtuais, aproveitando a rede de jovens e a necessidade de continuar as atividades.

“Foi muito claro desde o princípio que precisávamos de espaço para pensar, para falar, e começou a criar-se estes encontros virtuais, primeiro internacionais, depois por países, e desenvolveu-se esta pedagogia, durante cinco sessões, que tem um caminho, textos, ideias, para falarem e repensar tudo o que está a acontecer”, desenvolve.

A responsável alerta que todos devem ter muita atenção e muito cuidado com o “nível de frustração e de solidão” dos jovens, porque a pandemia está a afetar “imenso” a sua saúde emocional, uma paragem que não se esperava numa idade em que têm de “se encontrar com os outros e reconhecer-se”.

Segundo a fundação, o programa virtual ‘Scholas Pensarmo-nos’ oferece uma metodologia onde “o pensar, o sentir e o fazer” se harmonizam para proporcionar saúde emocional aos jovens, “ao diminuir emoções negativas como a tristeza, a angústia e a falta de futuro, e a incrementar emoções positivas como a esperança, a alegria e a vontade de fazer algo pelos outros”.

A diretora da Scholas Occurrentes Portugal explica que a metodologia é um regresso “à intuição primeira, ao encontro e a origem das coisas”, tentando falar “das emoções, da beleza, do tempo, da forma de olhar para a vida” e mesmo os silêncios são importantes, “dão espaço à reflexão e os jovens hoje não têm espaço ao silêncio”.

https://www.facebook.com/scholasoccurrentes/videos/1670498793142767

As duas últimas sessões deste projeto em Portugal têm lugar nos dias 2 e 9 de junho, das 17h00 às 19h00; podem participar jovens que falem português, de qualquer parte do mundo.

Kattia Hernández observa que melhorar o bem-estar e a saúde emocional dos jovens a partir dos encontros online, da partilha, das dinâmicas, reflexões e textos “parece muito simples” mas sublinha que “não existem espaços para falar e ver que o outro está a passar o mesmo”.

“Um jovem no Brasil e outro de Guimarães podem viver as mesmas dores, incertezas, frustrações. Podem partilhar, aprender uns com os outros”, acrescenta.

A responsável alerta que “a virtualidade está a cansar os jovens”, registando uma quebra no número de participações, face às inscrições.

“Os que participam estão muito envolvidos e começam a abrir-se um pouco, há a diferença cultural e é muito bom ter esta abertura do Brasil, e do Chile que faz com os jovens cá também se abram mais”, observa.

A diretora da ‘Scholas Occurrentes’ Portugal adiantou que para além de Cascais estão a preparar chegar a outros lugares e estão a preparar uma formação de “futebol com valores” – ‘Futval’ – que vai começar no Estoril.

A Faculdade de Motricidade Humana “também está interessada em avaliar e poder reproduzir” e um programa de surf, onde “a água ensina a ser resilientes, a cuidar da casa comum”.

Scholas Occurrentes’ é uma organização internacional de direito pontifício presente em 190 países nos cinco continentes e que, por meio da sua rede, integra meio milhão de redes educativas.

A sua missão é responder ao apelo à criação de uma cultura do encontro, aproximando os jovens numa educação que gere sentido.

Kattia Hernández lembra que este projeto do Papa Francisco, que nasceu em Buenos Aires, surgiu numa “época de crise na Argentina”, onde os jovens não tinham possibilidade de encontro e “tudo perdeu o sentido, nesta sociedade um pouco utilitária, que ensina só a fazer e a ter e não a saber quem somos primeiro”.

CB/OC

 

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Agência ECCLESIA

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