Um Mundo de Ilusão

Se o cinema é, de forma geral, o mundo da ilusão, mais fantasista se torna quando a figura central é um ilusionista capaz de apresentar em palco “o impossível”, deixando o público extasiado com fenómenos à primeira vista inexplicáveis. O filme “O Ilusionista”, realizado por Neil Burger e com o excelente Edward Norton no principal papel, segue precisamente este caminho, ambientando a acção em Viena de Áustria, nos finais do Século XIX, quando reinava o Imperador Francisco José (nunca nominalmente referido) e seu filho (nunca claramente identificado) preparava o assalto ao poder. Tendo por fundo factos históricos relacionados essencialmente com a decadência do Império Austro-Húngaro – embora sem procurar o rigor mas antes intercalando o real com o fictício – o que acaba por dominar a narrativa é a actividade lúdica apresentada em palco e por muitos tomada como intervenção sobrenatural. Bem explica o ilusionista que tudo é truque, ilusão, mas o entusiasmo popular só vê a vertente que mais satisfaz a ânsia de uma nova esperança, do encontro de um novo líder. Os truques apresentados ao longo do filme parecem totalmente inexequíveis. Também o parecem quando apresentados em palco, nomeadamente no circo, mas em cinema há sempre a possibilidade de ir mais longe, mediante truques que vêm desde os primeiros tempos da 7ª Arte, iniciados por Georges Méliès no início do Século XX. Muito bem realizado e com o excelente desempenho de Edward Norton, o filme “O Ilusionista” deve ser observado, também ele, como essencialmente algo de lúdico, mesmo que apresente alguns elementos que permitem pensar sobre a evolução social da época, sobre a paixão, o amor e, até, a traição. É uma obra equilibrada e que mantém um ritmo sem falhas, sem sobressaltos, não tendo pontos mortos ou hiatos que quebrem a compreensão dos acontecimentos. Tudo é simples, mesmo que nem sempre seja linear. Francisco Perestrello

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